Nampula (IKWELI) – A situação de abastecimento de água potável na cidade de Nampula, maior centro urbano do norte de Moçambique, continua caótica. Se nos últimos meses, antes da queda das chuvas, a principal fonte de captação, barragem de Nacala, estava seca, nos dias que correm um problema instalou-se na Estação de Tratamento de Água (ETA).
Segundo denúncias chegadas ao Ikweli, a água fornecida, para além de turva, também emite um cheiro nauseabundo, o que provoca desconforto nos consumidores.
Este facto deve-se a falta de químicos e/ou produtos de tratamento na ETA e a entidade gestora do sistema, a Águas da Região Norte (AdRN) anda arrasca porque não está em condições de adquirir o produto.
Na tarde da última terça-feira (25) corria-se o risco de suspender o funcionamento do sistema, mas a área operacional de Nacala da AdRN forneceu Nampula 9 sacos de sulfato de alumínio, correspondente à 450 quilogramas, quantidade tida como ínfima para as necessidades de uma ETA.

Na manhã desta quarta-feira (26) 30 sacos de sulfato de alumínio foram fornecidos a ETA de Nampula, mas não poderão suprir as necessidades.
Uma fonte na AdRN confidenciou ao Ikweli que “neste momento a empresa pediu apoio ao UNICEF [Fundo das Nações Unidas para a Infância] para que seja fornecida produtos de tratamento da água. A situação é caótica”.
Também, ficamos a saber que os níveis de turvação da água captada na barragem de Nampula são elevadíssimos e que a AdRN não dispõe de doseadores, operando o processo de tratamento da água manualmente, a moda da idade da pedra.
O director provincial das Obras Públicas de Nampula, Faquira Massalo, diante das denúncias, visitou a ETA e confirmou, quando entrevistado pelo Ikweli, que a situação é mesmo caótica.
“A estação de tratamento enfrenta uma grave escassez de produtos químicos, com apenas 9 sacos de sulfato de alumínio (450kg) restantes. A estação opera a 60% da capacidade normal devido à falta de produtos químicos, filtros com defeito e equipamentos de dosagem de produtos químicos danificados,” anotou Massalo após a visita, prosseguindo que “a produção média actual é de 26.000 m³/dia, em comparação com a produção normal de 40.000 m³/dia. Realçar que com os 26.000 m³/dia disponíveis, torna ainda a situação mais difícil isto porque olhado para as perdas por fugas na rede, metade deste volume pode se perder na rede e não chegar ao consumidor final”.

Caso não sejam repostos o Stock de químicos, segundo esta fonte, com a quantidade existente não será possível abastecer água para mais um dia.
Das constatações do director provincial das Obras Públicas, nota-se que “a água tratada apresenta turbidez de 68 NTU, muito acima do recomendado de 5 NTU. 8 dos 20 filtros da unidade de tratamento estão inoperacionais (avariados). A maioria dos equipamentos de dosagem de produtos químicos está com defeito, e a dosagem é realizada manualmente com sacos improvisados. Apenas 9 sacos de sulfato de alumínio foram encontrados, o suficiente para 10 a 12 horas de operação com capacidade de produção reduzida. (A operação normal requer 46 sacos por dia). A AdRN atribui a falta de produtos químicos à degradação da via de transporte e armazenamento na estação”.
Dada a criticidade da situação, o chefe do Departamento de Água e Saneamento das Obras Públicas foi deixado na estação para pressionar pela reposição imediata do estoque de produtos químicos. (Redação)