Esta difícil comer peixe seco em Nampula

 

Nampula (IKWELI) – O preço do peixe seco na cidade de Nampula registou, nos últimos dias, uma subida na ordem de 50% (cinquenta porcento) em relação aos valores que que eram praticados nos primeiros 10 dias do mês em curso.

Nesta segunda-feira (17), o Ikweli escalou o principal mercado de peixe da cidade de Nampula (os Belenenses), onde por exemplo, o “papahi”, nome por que ficou conhecido um tipo de peixinhos, enchido num recipiente de dez litros chegou a custar 750,00Mt (setecentos e cinquenta meticais), um aumento de 50% em relação ao anterior preço que era de 500Mt (quinhentos meticais).      

Nas mesmas quantidades, o camarão seco também é adquirido a 750,00Mt contra 500,00Mt (quinhentos meticais) com que era comprado nos dias anteriores. Já “nicussi”, outro tipo de peixinhos, alguns revendedores chegaram a afixar o preço de 1.000,00Mt (mil meticais), 300,00Mt (trezentos meticais) a mais, quando comparado com o preço ao que era vendido até o dia 10 de Março corrente.

O custo elevado daquele tipo de caril, considerado muitas vezes como sendo principal suporte das famílias de baixa renda, é justificado com a passagem da tempestade tropical severa JUDE, evento climático que afectou a província de Nampula entre os dias 10 e 11 do mês em curso, tendo causado a degradação das vias de acesso, impossibilitando o transporte de pessoas e bens entre os distritos e a capital provincial. 

Maior parte do pescado vendido no mercado de peixe dos Belenenses é na sua maioria proveniente dos distritos, destacadamente Moma, Angoche, para além das províncias da Zambézia e Sofala. O recente ciclone, tornou difícil a circulação com segurança dos transportadores entre a cidade de Nampula e esses locais. Por essa razão regista-se a escassez do produto nos armazéns. 

Aliás, em conformidade com os revendedores, o custo de um saco 1/90 do referido tipo de pescado, também registou uma subida drástica. Se antes do JUDE cada saco era adquirido a 10.000,00Mt (dez mil meticais), nos dias actuais é comprado a 18.000,00Mt (dezoito mil meticais).  

“Aqui nos Belenenses estamos mal porque há pouco peixe. Temos muita falta de peixe, mas isso é devido a destruição de estradas, por causa dessas chuvas. Lá onde vendem, tem muito peixe nos armazéns, mas o problema é mesmo as vias de acesso que não estão em condições”, contou Momade Augusto, revendedor nos Belenenses.

“Agora, cada balde vendemos entre 750,00Mt, 700,00Mt e 680,00Mt, isso depende da qualidade do peixe. Os clientes quando chegam aqui reclamam muito e, as vezes um saco é possível não acabar em um dia inteiro. No Levantamento cada saco está entre 16.000,00Mt (dezasseis mil meticais) e 18.000,00Mt, depende da qualidade, antes apanhavas a 10.000,00Mt (dez mil meticais), 9.000,00Mt (nove mil meticais) e 7.000,00Mt (sete mil meticais). Por isso estamos a aplicar esses valores para, pelo menos, termos lucro”, justificou Momade Augusto.

Para aquele nosso interlocutor, “se as estradas continuarem intransitáveis corremos o risco de não termos peixe aqui nos próximos dias. Por isso, pedimos ao governo para criar condições de transitabilidade nas estradas para minimizarmos a situação. Se fizerem isso vamos salvar mesmo”.

Manuel Segunda é outro revendedor de peixe seco no mercado dos Belenenses, o qual também lamenta o ritmo do negócio.

“O trabalho não está a andar bem, porque há pouco peixe e está caro. Antigamente comprávamos a preço de 10.000,00Mt, 9.000,00Mt, mas agora compramos a 18.000,00Mt, então, não é normal, não é fácil recuperar esse valor. Assim, aqui estou a fazer a 700,00Mt, antes fazíamos 500,00Mt a 450,00Mt.  Apesar desse preço não sai nada, o peixe está caro”, referiu Manuel Segunda.

“Estamos a pedir para organizarem as estradas para a vida voltar a normalidade, para outras coisas irem bem, também”, precisou a fonte. 

Rachido Adamugi é um jovem do Calipo, no distrito de Mogovolas,  para alimentar o seu negócio, o empreendedor recorre ao mercado dos Belenenses. Ao Ikweli, lamentou-se porque os preços que dispararam. Na sequência disso viu-se obrigado a reduzir as quantidades que habitualmente comprava. 

“Eu estou a sair de Calipo, vinha comprar peixe, mas quando cheguei aqui fiquei surpreso com os preços, mas também tem pouco peixe. Isto tudo deveu-se as estradas que ficaram destruídas”, reconhece Rachido Adamugi. 

“Assim, um balde comprei a 700 meticais, mas antes eu comprava a 500 meticais. Então, se eu chegar em casa também vou medindo pouco, pouco. Se antes cada lugar vendia a 15 meticais, agora vou vender a 20 meticais, só para nos ajudarmos”, referiu o jovem empreendedor. (Constantino Henriques)

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