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Murrapaniua: Residentes de Mutimacanha B clamam por água potável da rede pública

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Nampula (IKWELI) – Os residentes da unidade comunal Mutimacanha B, no bairro de Murrapaniua, nos arredores da cidade de Nampula, dizem que há mais de 5 meses que a água da rede pública, fornecida pela empresa Águas da Região Norte (AdRN) não jorra nas suas torneiras.

Com esta situação, as pessoas são obrigadas a percorrerem quilómetros e quilómetros a procura do precioso líquido.

Ezequiel Raimundo, residente de Mutimacanha B, anota que o recurso tem sido uma fontanária, mas que a água fornecida não é de qualidade desejável, pois “não é nada agradável no paladar de ninguém, é uma água salubre e para quem não possui congelador em casa sofre, porque quando a água esta gelada diminui aquele sabor salgado”.

“Já saímos para reclamar na AdRN e nada, em nosso favor, é feito, saímos várias vezes e não apenas uma pessoa e encontramos muitas pessoas de diferentes zonas procurando ajuda para resolver o mesmo problema”, afirma Raimundo.

“Eu e minha família nos últimos dias recorremos água da chuva para lavar, beber, cozinhar e fazer todas actividades diárias necessárias, o problema é que a água da chuva não fica reservada por mais de cinco dias começa a sair bichos e não dá vontade de consumir ou usar na cozinha”, disse a idosa Letícia Augusto, que refere que “as vezes usamos água da fontenária, mas, porque não temos congelador usamos apenas para casa de banho porque não temos muitos poços nesta zona”.

O que mais preocupa a população de Mutimacanha B é o facto de a emissão de facturas, mesmo sem consumirem o precioso líquido, continuar regularmente.

“Esta situação é certa e o que mais me oprime é o facto de todos os meses receber facturas de cobrança de água, mesmo sabendo que nem em um dia saiu água nesta zona e o valor que aparece na factura é surpreendente, nos meses de Setembro do ano passado apenas saía água nos finais dos meses, ou então dois dias antes de eles virem com facturas de cobrança de água”, comenta a moradora Edna Edgar.

Horácio Pedro, também com a mesma preocupação, recorda-se que até ao ano 2002 ainda era possível consumir água da rede naquela circunscrição, mas que com o passar do tempo a situação deteriorou-se, por isso “até fizemos uma sentada e decidimos nos unir com valores pequenos e conseguimos consertar a fontenária, mas além da água salubre que a mesma traz, também sofremos, porque, por vezes, a água sai suja e como não temos outro sítio para recorrer somos obrigados a beber assim mesmo”.

O problema da erosão

Igualmente, os residentes daquele ponto da cidade de Nampula dizem-se preocupados com o fenómeno da erosão, que nos últimos dias obrigou, pelo menos, 2 famílias a abandonarem as suas residências.

Por conta da erosão, as casas dessas duas famílias foram arrastadas pela correnteza de chuvas que procurava caminho para chegar a um curso natural de água.

“Eu tenho um quintal onde tinha 3 casas”, conta a senhora Germelinda Eusébio, que anota que “a que eu, meu companheiro e dois filhos dormíamos era única de cimento, o resto era de pau-a-pique, onde dormiam meus filhos e sobrinhos. Agora somos obrigados a ficar ensardinhados, os mais velhos dormem na sala e os mais novos no quarto”.

Esta senhora conta que as suas casas foram arrastadas numa tarde de chuva intensa, tanto é que perdeu bens na mesma circunstância, e clama por apoio para abandonar o local.

“Vivo neste bairro há mais de cinco anos e venho assistindo este fenómeno a crescer a cada queda da chuva. Numa noite, no princípio do ano, acordamos com ruídos da nossa casa caindo, levantamos as pressas e saímos quase que a corrente de água nos levava”, conta a senhora Carmelita José.

Lucinda Silvestre é, também, outra moradora que se encontra na mesma situação. A mesma pede para que a edilidade, pelo menos, atire o lixo que recolhe pela cidade, nas crateras que surgiram naquele ponto.

O chefe da referida unidade residencial, Horácio Pedro, também, anda preocupado com a situação e diz que já reportou ao governo municipal da cidade de Nampula.

“Já entrei em contacto com o governo municipal para que nos ajudasse antes desta situação agravar-se desde modo, única resposta que temos da parte do governo municipal em nosso favor é o silêncio. Por vezes vimos pessoas que vem medir o lugar, tirar fotos, mas depois se vão, e nada mais fazem”, concluiu este líder comunitário. (Ruth Lemax)