Nampula (IKWELI) – O escritor e activista social, Razaque Cardoso, lamenta a persistente falta de cultura de leitura por parte dos jovens o que em certa medida afecta o desenvolvimento psíquico e consequente fraco aproveitamento pedagógico, por isso considera ter chegado o tempo de os escritores adaptarem-se às dinâmicas actuais, dando vida os seus textos através da criatividade.
Razaque Cardoso é um jovem natural da província de Cabo Delgado, mas actualmente encontra-se a residir na cidade de Nampula. De entre outras ocupações, Razaque Cardoso dedica o seu tempo escrevendo textos literários virados ao dia-a-dia da sociedade, para além de ser activista social.
O nosso entrevistado conta que abraçou o mundo da literatura mesmo nas classes iniciais de escolaridade, a partir do momento em que descobriu a essência da escrita. Aliás, Razaque Cardoso disse que via a escrita como meio para ultrapassar a timidez que lhe fustigava, sobretudo para se expressar em público. Nos dias actuais, o jovem conta história de sucesso por ter conseguido vencer o medo.
A fonte disse estar a notar com preocupação a falta da cultura de leitura e escrita por parte de muitos jovens no país. Além disso, numa era globalizada com o advento da digitalização, muitos jovens passam o seu tempo focadas em aspectos que não contribuem positivamente para a construção do seu futuro.
Inspirado por renomados escritores nacionais, com destaque para Paulina Chiziane e Mia Couto, Razaque Cardoso entende que para reconquistar os jovens a terem a cultura pela leitura, é necessário que os escritores tragam nos seus textos aspectos e linguagem que cativam a própria juventude.
“É preciso escrever de modo que um problema se transforme num acontecimento da vida diária”, entende o nosso entrevistado que reitera a necessidade de “escrever para cativar as pessoas a esquecerem que o salário não saiu, ou então que tem dívida por pagar. Então, é nesse sentido. Pretendemos que o leitor encontre alguma paz no seu dia, encontre o amor e cultive a consciência”.
“Certamente que muitos jovens não gostam de ler, e eu acho que a criatividade, a imaginação, são necessárias nos textos literários. Alguns críticos até consideram que a literatura está na fase de falência, porque as pessoas já não têm vontade de ler, porque não encontram coisa interessante no texto. Então, eu diria que não podemos cair e alimentar essa ideia de que a literatura está na fase de falência, mas devemos fazer de tal forma que o leitor procure mais vezes um texto que terá lido”, prosseguiu Razaque Cardoso.
“Os escritores agora devem escrever de alma e não esperar que sejam aplaudidos, porque nem sempre vai existir alguém para tal, mas o importante é escrever para tocar os corações dos leitores. Os escritores devem adequar-se a realidade actual porque a escrita também evolui. Antes a gente escrevia mesmo a caneta, mas agora é muito mais digital. Então, os escritores actuais têm essa tendência, porque se a própria escrita sofreu com as tendências actuais, então o escritor não tem como não se adaptar as novas realidades”, disse o jovem Razaque. (Constantino Henriques)