Nampula (IKWELI) – Um grupo de trabalhadores da Administração Regional de Águas do Norte (AdRN), na província de Nampula, extremo norte de Moçambique, manifesta a sua indignação com as recentes transferências em massa para a área operacional da instituição, que consideram “infundadas e injustas”.
Numa carta datada de 07 do mês em curso, dirigida à direcção da AdRN, bem como algumas estruturas de alto nível a que o Ikweli teve acesso, os trabalhadores acusam a gestão de estar a tomar decisões com base em favoritismo, tribalismo e rumores, em detrimento de critérios técnicos e transparentes.
A inquietação surge após à um circular n° 2/AdRN/GPCA/2025 datada de 04 de julho do correte ano, no qual determina a transferência em massa para área operacional de Nampula, sem consulta ou diálogo prévio.
“Trata-se de uma decisão que consideramos legalmente infundada, administrativamente precipitada e humanamente injusta. A transferência definitiva de um trabalhador é apenas admissível mediante o seu consentimento expresso ou nos casos de alteração do estabelecimento devendo ser comunicada por escrito com uma antecedência mínima de 30 dias”, lê-se na carta.
No entanto, segundo a carta, nenhuma dessas cláusulas foram respeitadas e/ou observadas na emissão da circular, tornando assim o acto ilegal. “A circular não observa os prazos legais exigidos pela lei do trabalho e ignora o princípio de consentimento, foi emitida durante o gozo de férias de alguns colegas, actores que revelam no mínimo, desrespeito pelos trabalhadores”.
Segundo o documento, esta situação está a comprometer o ambiente laboral e a própria missão da empresa. “A AdRN tornou-se para muitos um motivo diário de frustração, num ambiente onde reina a desconfiança e a motivação dos trabalhadores cede ao receio”.
Por conta disso, os queixosos solicitam a revogação da circular, reposição das condições anteriores, bem como a intervenção da Inspeção Geral do Trabalho, FIPAG e do Sindicato dos trabalhadores para que se faça um inquérito sobre a gestão da actual direcção.
O Ikweli contactou sem sucesso o gabinete de comunicação da AdRN, para aferir oficialmente sobre as alegações dos trabalhadores, no entanto, até ao fecho da edição, não houve nenhum pronunciamento deste. (Ângela da Fonseca)