Nampula (IKWELI) – Estivadores, vulgarmente conhecidos por “Naphuathes” oriundos de vários bairros da cidade da Nampula, amotinaram-se na manhã da última sexta-feira (20) para manifestar o seu descoramento por conta do alto custo de vida, que para eles é influenciado pela falta de sacos para carregar.
Os grevistas alegam que estão na rua para carregar sacos, porque não querem roubar pertences dos outros e por isso cair nas malhas da polícia, mas a situação não tem sido das melhores.
“Estamos aqui acumulados como sinal de choro, porque não estamos a ver nada nessa vida. Imagina que somos aqui mais de 20 Naphuathes, mas desde de manhã não carregamos nenhum saco, com isso vamos viver como?”, questionou, acrescentando ainda que “o que nós queremos é as pessoas nos ajudarem e que aqueles que fazem as suas compras não nos olhem como ladrões, porque se estamos aqui na rua é porque queremos alguma coisa para sobreviver,” explicou uma fonte no local.
Nito José disse que o mais caricato é que se um deles tentar carregar sacos num outro ponto, corre o risco de levar porrada, porque cada praça tem um grupo. “Eles se conhecem, então estamos mal mesmo, e não temos onde recorrer para reclamar. Eu por exemplo, não tive o privilégio de estudar, minha vida é carregar sacos, e isso agora não dá rendimento, então fico sem saber o que fazer.”
Nelson António, pai de 5 filhos, afirmou que a vida está cada vez mais difícil, e se lembra com tristeza dos dias em que saí de casa e volta sem ter carregado, pelo menos, um saco. “Isso nos deixa muito frustrados, não sei porque a vida está cada vez mais complicada, e o que me deixa mais preocupado, é que as pessoas que faziam compras em grande quantidade agora já não aparecem, porque a gente aproveitava ajudar a pôr no carro, e nos ofereciam um 20,00Mt (vinte meticais), por isso estamos aqui a gritar, porque queremos socorro mesmo,” declarou.
Segundo apurou o Ikweli, alguns estivadores que iniciaram o trabalho de forma pacífica, por supostamente não estarem a ver ganhos, acabaram envolvendo-se em actividades ilícitas. (Malito João)