Nampula (IKWELI) – Viveu-se um clima de terror no último domingo (13), em Murrupula, durante o jogo entre a Associação Desportiva de Murrupula e o Benfica de Angoche, inserido na primeira jornada do campeonato nacional da segunda divisão, fase provincial de Nampula, prova mais conhecida por Nampulense.
Em causa está um grupo constituído por oito (8) elementos mascarados e munidos de catanas, os quais antes de iniciar o jogo apareceram no campo da vila de Murrupula e exigiram à organização para que fossem eles a garantir a ordem e tranquilidade públicas no local, em detrimento dos agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) afectos naquele distrito limítrofe entre Nampula e Zambézia.
Em geral, nenhuma partida de futebol oficial deve ser realizada sem o policiamento. Aliás, sem a presença de polícias os próprios árbitros negam apitar o jogo. Por essa razão, para o jogo do passado domingo, em Murrupula, foram mobilizados nove (9) agentes da PRM para garantir a ordem e tranquilidade no local.
Entretanto, o grupo de homens mascarados alegou que a polícia nunca fez um trabalho meritório, pelo que deviam ser eles a manter a ordem durante o jogo.
Foram várias negociações feitas pelos dirigentes da Associação Desportiva de Murrupula e os elementos da Associação Provincial de Futebol de Nampula, de modo que aquele grupo abandonasse o local e deixar que a partida decorresse.
Na ocasião os policiais simplesmente estavam a assistir à exibição daquele grupo. Aliás, segundo nossas fontes em Murrupula, quando os homens mascarados simularam uma aproximação aos agentes policiais, simplesmente os elementos da corporação recuaram.
Depois de vários pedidos, o grupo mascarado só aceitou deixar que a polícia trabalhasse mediante o pagamento da mesma taxa aplicada aos agentes da polícia, portanto, 200,00Mt (duzentos meticais) para cada polícia. Foram no total 1.600,00Mt (mil e seiscentos meticais) que os homens de catanas levaram consigo.
“Murrupula deve ser estudado. Deve-se fazer um trabalho de base em Murrupula porque aquilo foi um autêntico terror. Alguma coisa não está bem em Murrupula. O que me chama atenção é que os integrantes daquele grupo são conhecidos. Se continuar aquele ambiente, acredito que a própria Associação Provincial de Futebol pode não permitir que a equipa de Murrupula continue no Nampulense”, disse uma fonte que pediu o anonimato, por razões de vária ordem.
Depois de receberem o valor por eles exigido, os mascarados ainda queriam assistir o jogo mesmo munido de catanas. Entretanto, a Associação Provincial ordenou a equipa anfitriã para que aquele grupo abandonasse o local, caso contrário a partida não iria acontecer. A solução encontrada para que o mesmo grupo se mantivesse naquele recinto desportivo foi o abandono das catanas e a retiradas das máscaras.
A vila sede do distrito de Murrupula é atravessada pela estrada nacional número um (N1). Durante as manifestações pós-eleitorais, recorde-se, Murrupula foi um dos pontos da província de Nampula onde teve maior destaque. Praticamente todas as fases das manifestações Murrupula participou integralmente, pelo menos, de acordo com os relatos dos utentes da via, residentes locais, e pelos vídeos postos a circular nas redes sociais.
Sobre o incidente do último domingo a Polícia no seu alto nível, na província de Nampula, ainda não se pronunciou. Aliás, contactada Rosa Chaúque, Porta-voz do Comando Provincial da PRM, disse que era novidade e prometeu inteirar-se da situação. (Constantino Henriques)