Moatize (IKWELI) – O baleamento mortal de um jovem, de 18 anos de idade, no dia 25 de fevereiro corrente, pela polícia, na cidade de Moatize, província de Tete, fez desencadear uma manifestação que resultou no bloqueio de vias de acesso e queima de uma viatura municipal.
A paralisação deu-se na tarde de quinta-feira (27), quando populares saíram às ruas em um cortejo fúnebre para manifestar contra o baleamento mortal, durante as celebrações do dia daquela cidade.
O jovem, conhecido pelo nome de Eugênio Finiasse , foi morto quando assistia um evento musical por ocasião do dia da cidade, organizado pelo conselho autárquico liderado Por Carlos Portimão.
Tal como apuramos dos manifestantes , no evento tinha sido convidado um cantor local chamado FM para se apresentar . Entretanto, segundo relatos de manifestantes, ele foi impedido de subir ao palco na última hora pelos organizadores por alegadamente ser apoiante do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane o que gerou revolta popular, tendo com isso a polícia reagido com tiros.
Ernesto Gango, um dos manifestantes, considera que a ordem de tirar a vida do jovem tenha vindo do comandante e do chefe das operações. “Comandante Repolho e o chefe das operações sabem de tudo isto, porque o chefe das operações não tem pena,” frisou o jovem.
Outro residente, que não quis identificar-se, lamentou o facto de, segundo ele, o jovem ter sido convidado para morrer. “Nós estamos a reivindicar a morte de um jovem por ser convidado para o dia de cidade e as pessoas foram para lá lhe assistir, então estamos a reivindicar e queremos saber porquê que convidaram uma pessoa para depois matar?”, questionou.
Durante a manifestação, a população que dizia exigir justiça, colocou barricadas na via pública, e queimou a viatura do serviço funerário do conselho municipal local.
Outra residente da vila, de nome Lídia Afonso, disse que a população local está cansada com a actuação da polícia. “Estamos cansados, estamos cansados da polícia, da corrupção e de matarem os nossos filhos, ele era muito jovem, porque mataram?”
Até o princípio da noite da última quinta-feira (27), era possível ver um forte contingente policial nas ruas de Moatize disparando gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas.
Refira-se que Moatize figura na lista das cidades que têm registado confrontos desde o anúncio dos resultados eleitorais que já fizeram várias mortes e feridos entre graves e ligeiros. (Adina Sualehe, em Moatize)