Nampula (IKWELI) – Um grupo de moradores da unidade comunal de Colombo, no bairro de Murrapaniua-2, nos arredores da cidade de Nampula, decidiu invadir na manhã desta quinta-feira (06), por volta das 5 horas, um terreno de mais de 50 hectares pertencente a um suposto secretário do partido FRELIMO da mesma zona, com o objectivo de construir um mercado para acolher os comerciantes locais, incluindo os vendedores ambulantes.
De acordo com os entrevistados pelo Ikweli, o terreno ficou mais de 10 anos sem ocupação, até que o ex-presidente do conselho autárquico, Paulo Vahanle, supostamente autorizou para a construção de um mercado naquele local para abrigar os vendedores ambulantes.
Estas fontes acrescentaram que não tendo acontecido a construção do mercado, a população decidiu invadir e já havia feito a demarcação com a intenção de construir bancas e iniciar com as suas actividades comerciais nos próximos dias.
No entanto, após a tomada do conhecimento o secretário do partido FRELIMO, neste caso, suposto proprietário, não quis entregar o espaço aos moradores, alegando que o terreno é sua pertença.
Areno Mussa, um dos residentes que participou na distribuição, alegou que o espaço nunca pertenceu ao suposto membro da FRELIMO. “Este espaço sempre pertenceu à população local, porque no tempo do mandato de Paulo Vahanle, ele disse que queria construir um mercado para retirar os vendedores ambulantes das ruas. Só que, depois de terminar o seu mandato, deixou o controlo nas mãos de algumas pessoas, que também já saíram desse bairro. Então, nós que queremos um lugar para vender e estamos sendo expulsos para as ruas, primeiro conversamos com o secretário da FRELIMO, que afirma que o espaço é dele. Quando pedimos para construir o mercado, ele negou, por isso a população preferiu invadir o local hoje”.
António Cabral, também pretendente a um lugar, disse que a população precisa do espaço para apenas construir um mercado. “Nós não vamos construir nossas casas nesse espaço, apenas queremos construir o mercado para ver se conseguimos algo para sustentar nossas famílias. O nosso chefe disse que até sábado devemos construir nossas bancas, então eles virão no sábado para dividir o espaço.”
O secretário da FRELIMO que alega ser o proprietário do terreno invadido, mostrou-se indisponível para comentar sobre o assunto, alegando não estar de bom humor.
O Ikweli conversou com uma antiga moradora daquela unidade comunal, Saquina Ibraimo, que explicou que tomou conhecimento de que o espaço pertencia ao Ministro da Defesa, onde anteriormente funcionava uma fábrica de algodão e de cimento.
“Há mais de 10 anos, encontrei uma fábrica de algodão, cimento de adubo, arroz e outros materiais. Havia pessoas que trabalhavam no local, mas depois de um incêndio, no ano passado, o espaço ficou vazio. Disseram que ali seriam instalados um posto policial e um mercado, até que apareceram pessoas do conselho municipal para medir o espaço. Só hoje estamos ficando assustados com a situação, pois as pessoas estão se distribuindo o terreno, alegando que, no sábado, os superiores do bairro estarão aqui para atribuir um local para cada pessoa montar sua banca.”, disse. (Virgínia Emília)