Nampula (IKWELI) – O governo de Moçambique é chamado a traçar estratégias por forma a criar empregos para os seus cidadãos que poderão ser “devolvidos” ao país devido a sua situação de imigrantes ilegais nos Estados Unidos da América (EUA).
O posicionamento foi colocado pelo analista político, Alberto Manhique, em reação ao comunicado emitido pelo governo dos EUA que prevê a deportação de um total de 14 moçambicanos que constam de uma lista com cerca de 1.445.549 cidadãos ilegais que se encontram naquele continente americano.
Para Manhique, a corrupção, bem como a falta de políticas que visam criar oportunidades de emprego, contribuem para que muitos moçambicanos abandonem o país rumo aos EUA em busca de melhores condições de vida
“Nós temos vários moçambicanos que foram estudar nos EUA e não quiseram mais voltar para Moçambique porque em Moçambique não há emprego. Temos uma população enorme de jovens que não tem emprego e isto acontece em Moçambique como em vários países do mundo, que olham para os EUA como o seu el dorado. Muitas vezes lança-se concursos públicos para o provimento de emprego, mas só entra quem tem padrinho ou quem tem algum dinheiro para pagar a vaga e tudo isto inquieta o tecido social estudantil ou académico que sai para outros países a busca de melhores condições.
Entretanto, no passado dia 3 do mês em curso, aquando da passagem do dia dos Heróis Moçambicanos, celebrado na última segunda-feira, a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Maria Manuela Lucas, afirmou que o país ainda não foi notificado sobre os 14 cidadãos moçambicanos em situação irregular a serem repatriados na sequência das extradições massivas em curso nos EUA.
“Nós não recebemos notificação, você tem que receber notificação para saber quantos moçambicanos vão ser repatriados. Ainda não recebemos essa notificação, então não sabemos quantos moçambicanos que vão ser repatriado”.
Um posicionamento desmentido pelo analista que defende não ser possível que Moçambique não tenha sido notificado pelo governo norte-americano sobre a situação dos seus compatriotas.
“A ideia de que o país não foi notificado sobre a inquietação dos americanos não é verdade, porque acompanhamos situações em que funcionários da embaixada foram contactados para dar uma informação concreta sobre os seus compatriotas, e a partir dessa altura deviam ter criado medidas de precaução para que esses moçambicanos não sejam apanhados em contrapé se forem encontrados na rua sem a documentação em dia essas pessoas podem regressar ao país com passagem nos tribunais e isto não ficaria bem para Moçambique”.
Por isso, Manhique é de opinião que o país, através da sua embaixada, entre em contacto com os moçambicanos em situação irregular residentes em diversos estados do continente americano para que regressem à Moçambique de forma livre.
“O país é que deve fazer uma exortação no sentido de convidar os seus compatriotas para regressarem ao país livremente e com a vontade expressa de cada um deles. Na ausência de condições o nosso país deve garantir despesas de voo para Maputo”.
Em entrevista ao Ikweli, o analista explicou ainda que tais condições não devem limitar-se as despesas de aéreas, mas que se crie toda logística receptiva aos cidadãos.
“Essas pessoas devem ser apoiadas pelo governo, a nossa embaixada nos EUA deve fazer a triagem de todos eles apoiá-los a partir de lá até cá é obrigação do Ministério dos Negócios Estrageiros e Cooperação criar condições para albergar essas pessoas enquanto se fazem contactos para os familiares e possível envio para as suas províncias os que tem família ca em Moçambique devem se dirigir imediatamente para as suas famílias e casas”.
Contudo, a ministra garantiu que o seu pelouro está preparado para acolher os concidadãos que serão repatriados.
Recorde-se que, Donald Trump, Presidente dos EUA, prometeu durante a campanha eleitoral, combater a imigração ilegal nos Estados Unidos da América. Por isso, alguns dias após a sua tomada de posse, o dirigente autorizou a Agência de Imigração e Fronteira a deportar, o mais breve possível, os mais 1.4 milhões imigrantes ilegais, provenientes de 145 países. (Ângela da Fonseca)