Rapale declarado livre do fecalismo a céu aberto

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Nampula (IKWELI) – O distrito de Rapale, na província de Nampula, é agora oficialmente livre do fecalismo a céu aberto, após um árduo trabalho de sensibilização realizado por activistas de saúde nas zonas rurais que concorreu para que maior parte de famílias construísse e fizesse uso de latrinas. 

Este esforço foi possível graças ao Projeto Transform Nutrition (TN), que visa melhorar o estado nutricional das famílias da região, tendo durante os últimos anos sido construídas cinco mil latrinas tradicionais.

Segundo Hassane Arnaldo, coordenador do Projeto Transform Nutrition no distrito de Rapale, antes da implementação do projeto, várias comunidades não tinham consciência da importância de ter uma latrina em casa. No entanto, desde a implantação do projeto em 2020, uma em cada duas residências já possui uma latrina.

Arnaldo afirmou que esse avanço não é fruto da sorte, mas sim de um trabalho árduo dos activistas e mentores do projecto. “Estamos muito satisfeitos, pois este é o último ano de implementação do projeto. Entre vários objetivos, um dos principais foi dotar a população de conhecimentos sólidos sobre a importância da construção de latrinas caseiras.”

Desde o início das actividades, os resultados têm sido visíveis. O projeto já registou a construção de 5.060 latrinas (cinco mil e sessenta), um esforço que não é exclusivo do Projeto, mas de vários actores sociais.

“Entendemos que ninguém pode ter sucesso de forma isolada, sem a colaboração de terceiros”, comentou.

Maria Ângela, oficial de Saneamento do projeto, destacou que a sensibilização atingiu cerca de três mil famílias, que aceitaram as mensagens dos ativistas, que muitas vezes atravessavam rios para levar a informação sobre a importância das latrinas às comunidades.

“No distrito de Rapale, alcançamos um nível muito avançado. Quando iniciamos nossas atividades, até mesmo na vila sede, havia famílias que não possuíam latrinas e faziam suas necessidades nas machambas. Contudo, com nossa chegada nas comunidades de Locone, Mirutho, Namaquete, Nacahi, Muterua e outras da vila sede, é raro encontrar casas sem latrinas. Isso exigiu coragem, pois, no início, algumas famílias recebiam-nos com resistência, até lançando pedras, mas hoje estão felizes, pois perceberam a importância do nosso trabalho. Já atendemos quase duas mil e duzentas casas”, relatou Maria Ângela.

O fecalismo a céu aberto é uma prática milenar e prejudicial, ainda presente em muitas comunidades rurais de Moçambique, especialmente em Nampula. 

Essa situação é causada por diversos factores, como a pobreza, o desconhecimento das boas práticas de higiene e limpeza e a falta de infraestrutura de saneamento, sendo estes os principais fatores responsáveis pela persistência dessa prática. (Malito João)

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