Nampula (IKWELI) – O autarca da cidade de Nampula, Luís Giquira, tornou-se uma figura ausente e distante dos munícipes que dirige desde que os principais eventos da época chuvosa e ciclónica começaram a dar cabo da urbe.
É que, publicamente, não se sabe nenhuma onda de assistência e/ou solidariedade para com as vítimas das intermitentes chuvas que se gabam no maior centro urbano do norte do país desde 13 de janeiro corrente.
Das poucas aparições do chefe do executivo municipal da cidade de Nampula, neste período, conta-se em eventos de grande magnitude, envolvendo figuras de proa na nata governativa nacional ou provincial.
Enquanto, por exemplo, o mercado grossista do Waresta anda infestado de lixo, os bairros da periferia engolidos pela erosão e famílias clamando por apoio porque perderam os seus bens, como residências e comida, por conta das chuvas, Giquira está no seu casulo, não dando nas vistas.
Essa situação preocupa os munícipes, tal como comentaram ao Ikweli na zona do Brito, por exemplo, no bairro de Namicopo, como também no mercado do Waresta e em pontos como Marrere, Muahivire, Namutequeliua, Nampaco, Mutotope e Namiepe.
“Não sabemos onde anda o conselho municipal, as nossas dificuldades de transitabilidade já regressaram”, comenta uma senhora na zona do Brito, identificada por Amina, a qual sugere que “o presidente do município ou alguém da sua equipa devia vir aqui, ver como nós estamos”.
“Aqui na (Wa)Resta vivemos com o lixo, por isso quando passas pela manhã ou pela tarde vês as pessoas a venderem mesmo na estrada, porque onde vendíamos está consumido pelo lixo”, afirma Gerson, vendedor de ananas naquele mercado.
Nas últimas duas semanas, o engarrafamento virou regra no Waresta, pois, para além da indisciplina dos “chapa-100”, a estrada ficou pela metade, porque os vendedores “assaltaram” a outra parte.
Na zona do Yé-yé, no bairro de Marrere, há casas desabadas, mas as famílias não sabem de onde virá o apoio, os que elegeram, simplesmente, nunca mais lá foram, nem se quer para solidarizarem-se.
Em Mutotope, por exemplo, onde até a transitabilidade é difícil na época seca, a situação está mais grave com as chuvas que caem. Há casas desabadas, ruas interrompidas e um total desespero dos moradores.
Sílvia conta ao Ikweli que “tínhamos esperança que as coisas fossem mudar, mas infelizmente é sempre a mesma coisa. Precisamos de um presidente municipal ousado e pronto para todos, não somente para o centro da cidade”.
“Esperávamos algo melhor, tínhamos fé que o novo edil fosse diferente, mas até agora não se fez sentir nas nossas vidas. Aqui em Nampaco está difícil andar. Veja que para sair da escola secundária [de Nampazo] para a cadeia feminina é um calvário total”, comenta Jéssica António, que refere que “é preciso que o senhor Giquira se interesse um pouco mais pelos bairros”.
Em Namiepe, o ilustre autarca é uma figura desconhecida, porque ninguém faz ideia quem ele seja.
“Afinal temos presidente do município?”, perguntou em comentário irónico Abibo Chale, que prossegue afirmando que “aqui em Namiepe nos esqueceram faz tempo. Simulam obras de estradas e abandonam, mas é preciso que os dirigentes não se esqueçam que também votamos neles”.
Espontaneamente, quando instados, os vereadores de Luís Giquira têm proferido algumas declarações, mas tudo em volta a dificuldades impostas pelas manifestações e que não permitem, alegadamente, deixar os pelouros desenvolverem as suas acções como deve ser. (Aunício da Silva)