Nampula (IKWELI) – O executivo de Giquira tem vindo a somar prejuízos em cima de prejuízos devido as últimas ondas de manifestações conhecidas por turbo V8, levadas a cabo por apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que culminaram com vandalizações e saques em estabelecimentos comerciais, bem como instituições públicas e privadas.
No passado dia 23 de Dezembro, mais um saque ocorreu, e desta vez, foi o local onde está a ser edificado o mercado do Peixe em Nampula, também conhecido como mercado dos Belenenses.
Naquele local, os manifestantes apoderaram-se de materiais de construção e, para lograr os seus intentos, os mesmos usaram a força para partir uma parte do armazém de onde roubaram sacos de cimento, blocos, varões, barrotes e até chapas que na altura serviam de vedação do local aonde se pretendia contruir o edifício.
Em entrevista ao Ikweli, o vereador do pelouro de Mercados e Feiras, Augusto Tauancha, afirmou que do levantamento feito, o material ora vandalizado está orçado em 600.000,00Mt (seiscentos mil meticais).
Tal situação representa um retrocesso para os planos e metas do município, pois a entrega do edifício estava prevista para o dia da cidade de Nampula, neste caso 22 de agosto do presente ano, sendo que o mesmo iria beneficiar cerca de 300 vendedores distribuídos em quatro áreas como peixe fresco, peixe seco, carnes e verduras respectivamente.
“O empreiteiro veio com muita força, fez a vedação do espaço e recrutou trabalhadores voluntários sazonais e começou a abrir alicerces. O material primário já estava ali acomodado, mas, a situação das manifestações fez nos voltar para zero,perdemos 15 sacos de cimento, carrinhas, pás, praticamente tudo. Nesta situação, o material avaliado é de cerca de 600 mil, voltamos a estaca zero. Tínhamos um prazo para a entrega do mercado, que seria 22 de Agosto deste ano, o município estava a preparar uma prenda para as comunidades, mas já não vamos a tempo”, disse.
Segundo Tauancha, neste momento as obras encontram-se paralisadas e não há previsão de quando é que poderão retomar.
“O empreiteiro foi doado por uma organização, será que vai continuar com a mesma vontade? Estamos numa situação de indecisos, temos que trabalhar com a mente e com o psíquico do empreiteiro para continuar a trabalhar connosco visto que o prazo está comprometido. Se estivéssemos a produzir renda própria iriamos aventar a possibilidade dar um contributo para o seguimento da obra”.
Vendedores clamam pela continuidade das obras
Já os vendedores do mercado peixe, vulgo Belenenses, lamentam o acto protagonizado pelos manifestantes, entretanto, dizem que o município não deve se render, pois os mesmos já estavam expectantes pelo edifício que seria erguido e afirmam que traria uma boa imagem ao local.
Em representação dos vendedores, o chefe do mercado, Mussa Gabriel, confirma que houve, no local, invasão de supostos manifestantes que se apoderaram de todo material de construção.
Mas ainda assim entende que o município deve dar continuidade com as obras, uma vez que já havia no seio dos vendedores uma ânsia pela nova imagem do mercado.
“É um grande prejuízo para nós. Nós que somos vendedores deste mercado estamos chocados e tristes, porque já tínhamos a garantia de que até dia 22 de agosto iríamos receber um bonito mercado, o conselho municipal não pode se render, tem que dar continuidade, queremos o nosso mercado, não pode perder moral, estamos a louvar que o nosso presidente tenha coragem e procure formas para construir o mercado.”
Importa lembrar que o lançamento da primeira pedra do mercado de peixe foi feito em novembro de 2024 pelo presidente do Município de Nampula, Luís Giquira, sendo que a sua construção estava orçada em um milhão de dólares, fundo da GAIN, uma organização não governamental que trabalha na área de nutrição e acesso a alimentos saudáveis. (Ângela da Fonseca)