Nampula (IKWELI) – O comércio informal na cidade de Nampula, maior centro urbano do norte de Moçambique, continua sendo, gravemente, afectado pelas manifestações de repúdio de resultados eleitorais e da carestia da vida que decorrem a escala nacional desde o dia 21 de outubro do corrente ano.
Segundo apurou o Ikweli, os praticantes desta actividade enfrentam dificuldades para pagar as suas despesas e dos seus dependentes.
Um dos vendedores entrevistados pela nossa equipa de reportagem que exerce sua actividade na zona da sipal, contou que “eles queimaram tudo, desde as caixas que uso como suporte para a banca, agora não sei onde e como vou conseguir começar de novo”.
Outro comerciante e Joaquim Alberto, que vendia kits higiénicos, viu suas caixas de armazenamento de mercadoria sendo destruídas e os poucos itens que restaram sendo roubados. “Investi tudo o que tinha nesses produtos, agora perdi quase tudo. Não sei o que fazer”, disse.
Entre as vítimas, também, está Salimo Manjate, conhecido por vender calçados, o qual revela que perdeu grande parte de seus pares quando, no meio da confusão, manifestantes e transeuntes passaram saqueando. “Estava muito confuso, as pessoas corriam de um lado para outro. Não consegui controlar a situação”.
Os prejuízos não se limitaram às bancas de rua, Simbine, que trabalha com a venda de bolachas, disse que metade do seu estoque foi levado pelos manifestantes. “Levaram o que estava guardado. Agora sobrou muito pouco e não sei como vou reabastecer”, afirmou.
Outros, como Benjamin Luís, que vendia carvão, decidiram não sair de casa por medo de violência, mas ainda assim perdeu o pouco que tinha quando manifestantes invadiram as bancas e destruíram tudo. “Eu nem estava lá, mas queimaram minha banca. Tudo virou cinzas”, relatou com desespero.
Osvaldo, operador de serviços financeiros móveis, disse que perdeu sua banca e não sabe como reaver, pois, “estou limitado porque não tenho algo que me identifica como agente, e assim fica difícil trabalhar”. (Ruth Lemax)