Nampula (IKWELI) – A Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) revela ter resgatado uma menor, de 13 anos de idade, de uma união prematura no distrito de Meconta, província de Nampula, após denunciar o caso junto dos órgãos de administração da justiça.
A vítima tinha sido levada para a cidade de Nampula, onde vivia, maritalmente, com um jovem de 24 anos de idade no bairro de Muatala.
O jovem que se encontra detido desde semana passada, diz que não tinha conhecimento que se juntar maritalmente a uma menor de idade constitui crime, daí que considera a situação como sendo uma armadilha feita para destruir a sua vida. Também acusa os progenitores da menina e outros familiares de irresponsáveis por não alertarem sobre os riscos que corria ao se juntar com aquela rapariga.
“Eu gostava dela, falei para meus familiares, fui na família da menina, e foi-lhe perguntado se aceita, ela disse que sim. Depois os familiares dela pediram para esperar, que deveriam primeiro submete-la aos ritos de iniciação, feito isso comunicaram-me e fui buscar a ela e começamos a viver aqui na cidade, no bairro de Muatala. Assim, estou muito arrependido se eu soubesse não casaria com essa menina, até não poderíamos chegar esse ponto porque acho esse é um assunto que poderíamos conversar sem chegar tão longe”, lamentou-se.
Por sua vez, a menina de 13 de anos diz estar envergonhada e confessou que nunca tinha pensado em se casar, porque estava a estudar, mas as pressões da sua avó acabaram fazendo com que ela se casasse. Nega igualmente que tenha sido feito por sua livre vontade.
“Quem tinha iniciado essa conversa de casar era a minha avó que tinha dito já veio um homem da cidade quer casar. Eu perguntei, casar? ela disse sim, eu calei. Dias depois aquele assunto começou mesmo a aquecer, depois ela me procurou e me chamou no mercado onde ela vende, lhe encontrei com esse jovem parado com capulana que tinha me comprado a mexer seu telefone, depois me disseram esse homem quer falar contigo, fui onde ele estava parado começou a falar muitas coisas, eu estava calada somente, depois ele foi embora. Dia seguinte voltou e foi marcada uma reunião familiar com toda a minha família, na cara disseram que esse homem quer se casar e deve lhe aceitar, e como eu tenho meu irmão que lhe tenho muito medo de me bater aceitei casar com ele e fomos viver na cidade”, contou a vítima.
O lar não era fácil
Por outro lado, a fonte contou que após a conversa que tinha fluido em quase 90% em Meconta, foi marcado novamente na cidade de Nampula para conclusão das cerimónias que seria ministrada por um a líder religioso muçulmano, onde os familiares testemunharam. “Mesmo na nossa casa não tínhamos paz, porque tudo que ele falava eu não considerava porque eu não gostava dele, porque ele sempre queria humilhar-me. De noite quando ele queria comer as coisas, eu sempre negava porque tinha muito medo disso porque não sabia de nada, mesmo na cozinha eu quando cozinhava ele não gostava e me zangava muito até ao ponto de querer me bater”, contou ainda a vítima.
O SERNIC em Nampula, na pessoa da sua porta-voz, Enina Tsinine, disse que a descoberta deste caso foi graças a um trabalho da FDC que produziu todo expediente ao tribunal e Ministério Público sobre a existência de um caso de união prematura de uma menor de 13 anos de idade. “Depois do trabalho dessa agremiação e a partir do mandato de captura que foi submetido em nossa posse foi possível a neutralização do indivíduo”, disse a fonte. (Malito João)