Activistas para os direitos das mulheres denunciam falta de protecção policial às trabalhadoras de sexo em Nampula

vocês é que procuram isso, quem vos mandou estarem aí?” está entre os questionamentos feitos quando apresentam queixa a polícia

Nampula (Ikweli) Alguns activistas de organizações da sociedade civil, que trabalham na proteção de raparigas e mulheres em Nampula, foram unânimes em afirmar que a polícia da República de Moçambique (PRM), não dá a atenção necessária as denúncias de violência baseada no gênero das mulheres trabalhadoras de sexo.

A título de exemplo, disseram as nossas fontes foi o caso recente do assassinato de uma jovem que era trabalhadora de sexo num prostíbulo na cidade de Nampula , em que o suposto assassino não foi detido, alegadamente porque o mesmo  teria justificado  a polícia que, o sangue que trazia  era fruto de uma agressão , uma situação que  os deixou preocupados  visto que, a polícia deixou escapar o suposto assassino minutos depois de o ter neutralizado.

O paralegal de protecção, saúde e justiça do projecto Viva + implementado pela Fundação para o Desenvolvimento das Comunidades (FDC), Jordão Mário do Rosário, revelou ao Ikweli que as mulheres trabalhadoras de sexo vivem em uma situação de vulnerabilidade e violação dos seus direitos humanos.

“infelizmente estão susceptíveis a esse tipo de violação. Elas têm vindo sempre a se queixar da falta de protecção da polícia, no sentido de que sempre que vão atrás de ajuda são respondidas da seguinte maneira: vocês é que procuram isso, quem vos mandou estarem aí? nós não entramos nisso. Estamos perante a uma violação de direitos humanos, isso porque nos não devemos olhar para actividade que ela faz, mas sim a pessoa humana, ou seja, a polícia tem que prestar este dever de proteção a essas pessoas”.

Já a Oficial de Género da PASSOS-ICRH, Belinha Beula, explicou que urge a necessidade de aplicação de medidas como reforço de patrulhamento policial em locais perigosos por forma a reforçar a segurança das trabalhadoras de sexo.

“Por exemplo a jovem assassinada sofreu uma violência sendo que o posto policial está ali próximo e na hora que aconteceu, estava la a polícia em serviço e isso me leva a perguntar onde é que esta a nossa ordem e tranquilidade?”.

Na ocasião, Beula exigiu seriedade da PRM no que diz respeito ao seguimento ao caso da jovem ora assassinada por forma a neutralizar o suposto agressor. Para a fonte, tal situação não deve ser normalizada.

“A polícia deve levar a sério este caso, porque hoje foi a Laurenciana amanhã vai ser a Maria. Queremos responsabilizar a polícia e todas as identidades que estão a correr com o processo de investigação por forma que sejam céleres na confiança de nos trazer o mais rápido possível o autor do crime para tomar isso como exemplo que não continuem a violentar a população chave, sobretudo as mulheres trabalhadoras de sexo”.

Entretanto a polícia diz que tem limitações para garantir a segurança das trabalhadoras de sexo dado o espaço em que esta actividade é realizada. Zacarias Nacute, porta-voz da polícia em Nampula. Referiu que a polícia tem feito o seu trabalho, por esta razão não são frequentes casos de violência contra aquele grupo de profissionais.

“Nós temos um posicionamento em relação a isso, se as trabalhadoras de sexo conseguem exercer a actividade sem casos recorrentes é porque temos garantido a protecção delas. No entanto, é importante frisar que o trabalho que aquelas cidadãs fazem é feito no interior do estabelecimento ou do quarto um local que a polícia não tem espaço e autorização para actuar”

Importa referir que, foram a enterrar na passada sexta-feira (20), os restos mortais da jovem ora assassinada no passado dia 10 do mês em curso, em um prostíbulo localizado arredores da cidade de Nampula. As cerimónias fúnebres foram organizadas pela FDC, organização que denunciou o caso ao Ikweli.

Embalados na dor, seus familiares e amigos querem que o suposto “cliente assassino” seja neutralizado.

O Ikweli conversou com Ana, nome fictício de uma jovem trabalhadora de sexo há dois anos na cidade de Nampula . A mesma revelou que entrou nesse mundo para ajudar a família.

Natural da província de Sofala, Ana decidiu migrar para Nampula a convite de sua amiga para procurara melhores condições de vida.

“Eu vim parar aqui com essa minha amiga que foi assassinada, ela era natural de Inhambane, conhecemo-nos lá em Chimoio e ela disse para virmos para cá porque há muitos clientes da Vale”.

Com o semblante triste, Ana disse que no presente mês completariam dois meses de estadia na província, entretanto, a “desgraça aconteceu” e culpa a polícia.

“Algumas colegas vieram bater na minha porta para informara que a minha amiga estava a sofrer no outro quarto, eu corri logo a procura de ajuda na polícia, quando chegamos no local o jovem já estava neutralizado, de seguida os dois agentes o levaram a esquadra, agora não percebo como é que no dia seguinte informaram-nos que ele já não se encontrava la”.

Um relatório produzido pela Aids fonds, sobre trabalho de sexo e violência em Moçambique, revela que, a maioria das trabalhadoras de sexo no país têm receio de recorrer à polícia em casos de violência, justificando que das vezes que o fizeram, as autoridades não levam a sério as queixas, ou seja, culpam-nas pela violência de que foram alvo. Tanto a polícia como profissionais de saúde e a própria comunidade tratam-nas como seres desprezíveis. (Ângela da Fonseca)

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