Nampula (IKWELI) – Produtores de hortícolas na zona de Carrupeia, nos arredores da cidade de Nampula, denunciaram publicamente a existência de um fenómeno que, segundo afirmam, vem acontecendo há anos, onde mulheres que frequentam hortas oferecem relações sexuais em troca de produtos agrícolas.
O assunto, que até aqui circulava apenas em conversas informais, foi levado a público como forma de travar práticas consideradas imorais e potencialmente perigosas.
Esses agricultores alegam, ainda, que, embora existam casos isolados, a reincidência de algumas visitantes, muitas delas casadas, tem gerado receio de conflitos familiares e tensões comunitárias.
De acordo com testemunhos colhidos no local, algumas mulheres aparecem regularmente nas hortas sem qualquer quantia de dinheiro, pedindo produtos como couve, e insinuando que o pagamento poderia ser feito através de favores sexuais. Os agricultores referem que, em certos casos, jovens produtores acabam por aceitar tais propostas.
Amândio Cortez, produtor com vários anos de experiência na zona, afirma que a situação já provocou gravidezes não assumidas e enganos conjugais.
“Há mulheres que ficam grávidas e escondem a verdade dos maridos, dizendo que foi um orgulho de casal, quando, na realidade, foi resultado dessas trocas. Parece uma história inventada, mas é real, temos colegas que até procuram por essas oportunidades, trocando sexo por hortícolas com frequência.”
Outro agricultor, que preferiu não ser identificado, relatou que algumas mulheres recorrem a vestuário provocante e estratégias de sedução para tentar persuadir os trabalhadores.
“Eu venho aqui para negociar e trabalhar, mas todos os dias vejo mulheres que nunca trazem dinheiro, até aquelas que compram em grande quantidade, as vezes insinuam outras formas de pagamento, o problema é que a maioria são casadas, e um dia pode haver confrontos sérios com os maridos.”
Moradoras residentes nas proximidades confirmam que casos semelhantes têm sido comentados e condenam a prática, alegando que compromete a dignidade das mulheres e prejudica a imagem das famílias.
Do ponto de vista legal, o Código Penal moçambicano não tipifica de forma específica a prática de troca de bens por sexo entre adultos, no entanto, caso envolva coerção, abuso de vulnerabilidade ou ameaça, pode configurar crime de assédio sexual ou exploração.
Enquanto o debate sobre a moralidade e a legalidade da prática se prolonga, os produtores de Carrupeia esperam que a exposição pública do problema funcione como um alerta e um travão para uma realidade que, segundo eles, “já dura tempo demais” e que ameaça a paz social na comunidade. (Malito João)