Maputo (IKWELI) – A Sociedade Civil defende que o diálogo é o ponto de partida para a resolução de conflitos pós-eleitorais, mas o mesmo não pode ser condicionado como decisão final para a validação de resultados.
O coordenador do Programa Procívico e Direitos Humanos, Osman Cossing, que falava na quinta-feira (21) da semana passada, no decurso do debate sobre o papel das Organizações Da Sociedade Civil no actual contexto político pós-eleitoral, disse que “são as organizações da sociedade civil que representam os anseios das comunidades e mediam as tensões, como também ajudam a criar as condições necessárias para que o espaço cívico floresça”.
Cossing apela para que nunca se ignore o papel da sociedade civil, pois “a sociedade civil é o defensor da democracia e da paz”.
Esta fonte reiterou que “como sociedade civil, nós defendemos a integridade eleitoral, mas do outro lado, também, defendemos um ambiente pós-eleitoral pacífico, no qual as instituições oferecem garantia, transparência judicial e confiabilidade”.
Por seu turno, o jornalista Tomás Vieira Mário atribuiu culpa aos órgãos eleitorais pelos conflitos em curso, pois “os órgãos de administração eleitoral são a parte do problema do conflito pós-eleitoral actual no país, a sua fidelidade e integridade não vai reaparecer apenas porque nós nos queixamos, terá que ter uma reforma profunda desses órgãos para funcionar como órgãos independentes como já foram”.
Tomás Vieira Mário vai mais longe ao dizer que temos cada vez mais uma Comissão Nacional de Eleições ( CNE) e um STAE [Secretariado Técnico de Administração Eleitoral] que defendem interesses de um certo partido político, sendo estes órgãos constituídos para defender interesses de quem os integra como “instituições fortes e credíveis, só elas podem permitir a cidadania se efectivar, sem essa condição, sempre haverá dúvidas se somos mesmo cidadãos reconhecidos na prática ou ainda somos súbitos ou indivíduos susceptíveis a manipulações e interferência externa, por não conhecimento suficiente de autonomia”.
O Advogado e Defensor dos Direitos Humanos, Custódio Duma, por sua vez, considera os conflitos pós-eleitorais oportunos para juventude, porque “também querem ser ouvidos, como não lhes dão espaço para falar dos problemas que têm, eles aproveitam a oportunidade que nós damos agora e vão para a estrada bloquear, porque sabem que quem passa por lá é aquele que é ouvido e participa da vida do Estado”.
Duma aponta que a crise política não é de hoje, mas sim durante anos que o Estado não ouviu essas pessoas e nem respondeu suas inquietações, portanto garante que dialogar é o meio mais eficaz para a resolução dos problemas políticos. (Antónia Mazive)