Reassentados de Sangani recebem material de construção

Ilha de Moçambique (IKWELI) – As memórias do ciclone que devastou a comunidade de Sangani continuam frescas entre os seus habitantes, mas a esperança de recomeçar ganha forma com cada saco de cimento, cada chapa de zinco e cada prego que chega ao centro de reassentamento do Ntete, na Ilha de Moçambique. 

Trata-se de um marco significativo no processo de reconstrução da vida de dezenas de famílias que perderam quase tudo com a passagem do fenómeno natural.

Sangani, uma comunidade localizada na zona costeira, foi uma das áreas mais atingidas pela tempestade tropical severa JUDE, que assolou a província de Nampula em março último. Ventos violentos e chuvas intensas destruíram casas tradicionais de pau-a-pique, arrasaram machambas e desalojaram famílias inteiras.

Sem condições para permanecer no local, as famílias foram reassentadas em Ntete, uma decisão tomada pelo governo local em coordenação com parceiros humanitários, visando garantir segurança e novas oportunidades de vida. No entanto, o reassentamento trouxe os seus próprios desafios: a necessidade de reconstruir moradias seguras e duradouras.

Depois de meses em tendas improvisadas e abrigos temporários, a comunidade de Sangani beneficiou na última sexta-feira (19) de apoio em materiais de construção dados pela Primeira-Dama da República de Moçambique, Gueta Chapo. O pacote inclui cimento, chapas de cobertura, pregos, barrotes e outros utensílios básicos para a edificação de casas mais resistentes.

Josina Taipo, administradora distrital da Ilha de Moçambique, em declarações à imprensa, sublinhou que este apoio marca “um passo fundamental na dignificação das famílias reassentadas.”

“Queremos garantir que estas populações tenham condições de vida seguras, que possam resistir a futuros fenómenos climáticos e que sintam que não estão esquecidas, a entrega de materiais de construção não é apenas um gesto de ajuda, mas um investimento no futuro e na dignidade dessas famílias. Com cada parede erguida e cada chapa colocada, renasce não apenas uma casa, mas também a esperança de um povo que aprendeu a resistir às intempéries da natureza e a reinventar-se no seio da adversidade,” afirmou.

As famílias receberam os materiais em lotes, acompanhados de orientações técnicas sobre como erguer habitações mais sólidas. Equipas locais de pedreiros voluntários e jovens capacitados participam da construção, partilhando experiências e conhecimentos.

Para muitos, como Locardo Fernando, pai de quatro filhos, a entrega de chapas e cimento é sinónimo de renascimento: “Quando o vento levou a nossa casa em Sangani, pensei que nunca mais teria um tecto para os meus filhos. Hoje, ao ver este material, sinto que podemos recomeçar com dignidade.”

As mulheres também se mostram envolvidas no processo. Além de apoiar na logística da construção, elas organizam pequenos grupos para preparar refeições comunitárias, garantindo que os trabalhadores voluntários tenham energia suficiente para as tarefas diárias.

O reassentamento e a disponibilização de material de construção têm impacto para além do simples abrigo.

O processo de reconstrução não se resume ao apoio governamental. Organizações da sociedade civil, têm participado activamente, ajudando no transporte dos materiais e oferecendo mão-de-obra.

Embora ainda haja desafios, a chegada do material de construção devolveu confiança à comunidade de Sangani. As novas casas cobertas com chapas, vão desenhar uma paisagem diferente em Ntete.

Para os mais velhos, trata-se de um legado de resiliência que ficará para os filhos e netos. Para os mais novos, é a base de um futuro mais promissor. A comunidade sonha em ver erguidos bairros estruturados, com ruas organizadas, escolas permanentes e serviços básicos acessíveis.

No entanto, líderes locais apelam à continuidade do apoio, lembrando que o processo de reconstrução não termina com a entrega inicial de materiais. São necessárias mais infra-estruturas, desde saneamento básico até espaços de lazer para crianças e jovens.

O reassentamento da comunidade de Sangani em Ntete, é um exemplo vivo da luta pela reconstrução após a destruição de ciclones. (Manuel Tadeu)

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