Nampula (IKWELI) – A Unidade de Intervenção Rápida (UIR), na cidade de Nampula, viu-se obrigada a disparar balas de gás lacrimogéneo, na última sexta-feira (20) para dispersar alguns desportistas que tentavam criar um comportamento inadequado, em protesto ao preço de bilhete de ingresso ao jogo entre Ferroviário de Nampula e Desportivo de Nacala.
Trata-se do primeiro clássico da província de Nampula, inserido na 3ª jornada do campeonato nacional da primeira divisão, o Moçambola da presente temporada futebolística.
Tratando-se de uma sexta-feira, portanto, um dia lectivo, era suposto que o público acorre-se ao jogo em número reduzido, mas aconteceu o contrário, porque muita gente escalou o santuário do 25 de Junho para viver de perto as emoções do duro combate entre os dois representantes da mais populosa província de Moçambique, nesta competição.
Mas a festa quase ficava estragada porque antes do início da partida os ânimos dos desportistas, fora do recinto desportivo, estavam a flor da pele, e foi instalada uma agitação que visava forçar o clube Ferroviário de Nampula a baixar o custo de bilhete de ingresso que era de 150,00Mt (cento e cinquenta meticais) nas duas bancadas e 300,00Mt (trezentos meticais) na zona VIP. Foi a mesma agitação que motivou a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) a recorrer as armas para persuadir o grupo de manifestantes.
Trata-se de um acontecimento que, inclusive, atrasou o começo da partida, inicialmente agendada para 14:30 da última sexta-feira.
Apesar da insistência, os desportistas acabaram por ceder, e os preços do bilhete de ingresso mantiveram-se, permitindo com que a partida decorresse normalmente, e com assistência do público.
O jogo foi bem disputado, e terminou empatado por 1-1. O primeiro a marcar foi a equipa da zona económica especial, aos 21 minutos da primeira parte, por intermédio de Kabine, e os axinenes restabeleceram a igualdade aos 53 minutos, através de Abdul Karim.
“Assistiu-se aqui uma grande partida de futebol. As duas equipas bateram-se fundo, o Ferroviário soube se defender bem. O público sai a ganhar porque o espetáculo foi maravilhoso. Não queremos falar sobre arbitragem, fez um bom trabalho, é assim que nós só podemos desenvolver o nosso futebol. Vamos continuar a trabalhar, acreditamos que o nosso adversário também vai continuar a trabalhar, porque o mais importante é que a província de Nampula tem que estar em cima”, disse Manuel Casimiro, treinador do Desportivo de Nacala.
Para João Chissano, treinador do Ferroviário de Nampula, “empatamos a uma bola num jogo muito difícil, já antevíamos isso que o jogo frente ao Desportivo seria assim, mesmo antes do início do jogo, as escaramuças que surgiram aqui acabaram nos desequilibrando em termos mentais. Ainda assim os nossos jogadores comportaram-se bem, mas não como nós pretendíamos. Não estivemos no nosso melhor nível, temos que aceitar isso.”
“Deixamos o Desportivo de Nacala fazer aquilo que mais gosta que é jogar em contra-ataque, já havíamos treinado isso também para impossibilitar o contra-ataque, não deixar que as bolas chegassem aos seus avançados. Não conseguimos e sofremos o golo, contra corrente do jogo, diga-se, mesmo assim continuamos na mão de cima, mesmo sem estarmos no nível que queremos, já teríamos saído ao intervalo com um empate no mínimo. Não conseguimos, regressamos bem na segunda parte com o nosso golo e, quando estávamos a espera do segundo golo houve aquele cai-cai do guarda-redes, e isso é de lamentar,” precisou o mister Chissano.
Como consequência deste resultado, o Desportivo de Nacala soma agora 5 pontos na tabela classificativa do Moçambola, e o Ferroviário de Nampula vai com 4. (Constantino Henriques)
