Nampula (IKWELI) – Um grupo de, pelo menos 104, extensionistas contratados pelo Fundo Agrário e de Extensão Rural (FAR, FP) que se dedicam a garantia de assistência aos agricultores, denunciam falta de salários há três meses.
Trata-se de extensionistas que trabalham nas províncias de Nampula, Zambézia e parte de Cabo Delgado que reclamam de atrasos salariais, há sensivelmente 3 meses.
“Quando concorremos para este projecto, a gente esperava resultados positivos e satisfatórios tanto para os extensionistas, produtores e o bem público, mas agora com a falta de salários, fica difícil trabalharmos, porque necessitamos de dinheiro para abastecer as motorizadas e a devida manutenção das mesmas”, explicou um extensionista do distrito de Malema, em Nampula, que não quis se identificar.
O nosso interlocutor contou ainda que estão a ser obrigados a trabalhar sem salários, sendo que muitos deles vivem distantes dos postos de trabalho. “Somos obrigados a trabalhar sem salários, estamos preocupados porque grande parte dos extensionistas arrenda casas e vive em postos administrativos que estão longe das vilas dos distritos. É muito sofrimento que passamos, tudo por causa da falta de salários. No meu caso particular, tenho dívidas com pessoas alheias e sobrevivo através de pequenos negócios”.
Outro técnico de campo do distrito de Muecate explicou que “a falta de salário dos extensionistas acontece um quase por todo o país. Estamos a passar por dificuldades diariamente. Antes o projecto tinha bonitas iniciativas para garantir boas condições para os técnicos de campo, através de meios de transporte, manutenção do mesmo, recargas para comunicação e salário regular, mas nada foi cumprido”.
Este extensionista, também, recordou que o atraso salarial, não é um dilema recente, pois “desde o ano passado que enfrentamos atraso salarial, actualmente estamos sem salário há três meses e as motorizadas encontram-se em estado crítico, que carecem neste momento de manutenção, temos famílias que dependem de nós para garantir o sustento, entre outras necessidades pessoais. Nos últimos anos, os extensionista perderam credibilidade dos produtores e outras pessoas, temos dívidas avultadas e sem dinheiro para pagar, esperamos que quem é de direito resolva o problema e exigimos o pagamento dos salários dos meses em falta”.
Enquanto isso, outro extensionista acredita que a falta de salário aos extensionistas representa a falta de respeito e consideração a pessoa humana. “As pessoas trabalham para que no final das contas tenham dinheiro que possa ajudar nas despesas diárias, apesar dos desafios enfrentados, os extensionistas continuam a trabalhar e outros desistiram da profissão devido as irregularidades que se verificam desde o tempo passado até a actualidade”.
O que diz o Governo?
O delegado provincial do Fundo do Fomento Agrário e de Extensão Rural (FAR, FP), em Nampula, Isaac Jamal, assume que o pagamento de salários dos extensionistas ainda é gerido a nível central, através do Tesouro Nacional.
“Primeiro, devo reconhecer que é verdade o que está a acontecer com os extensionistas e estão dentro do seu direito, por isso reclamam. Como delegado do FAR, tenho de pedir desculpas a todos os extensionistas, porque tecnicamente isso não devia acontecer, mas sabemos que tudo isso é uma anomalia que temos a nível central do Tesouro Nacional, não tem nada a ver com o FAR a nível provincial e muito menos central”, explica.
Isaac Jamal acrescentou que a demora do pagamento de salários ocorre um pouco por todo o país, sobretudo nas províncias de Nampula, Zambézia e Cabo Delgado. “Para a província de Nampula, contamos com 514 extensionistas, pelo menos 104 enfrentam este problema. O grupo de extensionistas contratados que estão em processo para inserção no aparelho do Estado, estes têm enfrentado problemas de liquidez no tesouro para satisfação do salário, entretanto, todo o esforço está sendo feito para regularização da situação de forma que não passe para 2025”, concluiu. (Nelsa Momade)