Nampula (IKWELI) – Os utentes, sobretudo comerciantes, da Estrada Nacional Número Um (N1), no troço Namialo/Nacarôa, na província de Nampula, pedem flexibilidade na reposição da transitabilidade nas pontes destruídas pela fúria das águas das chuvas da tempestade tropical severa JUDE, para que possam retomar a movimentação das suas mercadorias paralisada há quase uma semana.
Alguns disseram que estão a usar meios alternativos para fazer a travessia, mas sem segurança, por isso pedem as autoridades governamentais para serem mais céleres na mobilização de recursos para repor a transitabilidade neste imponente troço da região.
Ayuba Mussa é comerciante de Cabo Delgado, faz compras na cidade de Nampula e usa o troço com pontes já cortadas, vê o cenário como preocupante, por isso quer que sejam intervencionados todos os pontos com máxima urgência.
“Assim estou aqui a tentar fazer atravessar essa mercadoria, é muita e aqui temos que pagar. É constrangedor, mas tenho fé que o governo vai resolver isso,” disse Ayuba Mussa.
Os utentes da via dizem que estão a somar prejuízos, principalmente na questão de baldeamento que devem fazer em todos os pontos, por isso anseiam que a situação seja resolvida. “Eu sou Olinda Saíde, estou aqui desde as 5h desta terça-feira (18), meu destino é Alua [distrito de Eráti]. Até agora [10h] não conseguimos atravessar, minha filha está com muita fome e dinheiro que tenho é apenas de transporte, por isso com esses baldeamentos fico sem como, mas quero chegar ao meu destino. Espero que os trabalhos aqui sejam feitos muito rapidamente”.
Nelson Dário é utente da via e diz ser muito constrangedor, pois tem que gastar quase o dobro para chegar ao destino. “Por exemplo, aqui estou de minha mota, para passar aqui estou a ser cobrado 700,00Mt (setecentos meticais) nesta ponte improvisada, mas espero uma intervenção de vulto para que possamos voltar a circular novamente,” disse Dário.
O Ikweli ouviu, igualmente, Anselmo Severino, comerciante que faz o transporte de mercadorias de Nampula à cidade de Pemba, diz que desde que a estrada cortou só soma prejuízos, porém tem feito esforços para fazer chegar mercadorias no destino, aguardando intervenção de todas pontes destruídas.
No local uma equipa de deputados da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na Assembleia da República, pelo círculo eleitoral de Nampula, faz monitoria dos estragos.
Fernando Bismarque, que chefia a equipa, disse que a situação observada no local é dramática. “Isto é dramático, vimos aqui crianças, mulheres com bebés, idosos a tentarem fazer travessia em situações de risco, por isso urge aqui a necessidade de se encontrar mecanismos para uma pronta reposição desta infra-estrutura,” avançou Bismarque, anotando ainda que, por outro lado, é uma lição de que Moçambique deve construir infra-estruturas mais resilientes, tendo em conta que Moçambique está localizado numa região propensa quando ocorrem eventos extremos”.
Fernando Bismarque avançou ainda que na reconstrução das infra-estruturas destruídas deve se acautelar questões de resiliência e qualidade para evitar situações similares no futuro. Aliás, segundo o deputado, neste momento a circulação da economia, pessoas e bens está monótona devido a esta situação.
Lamentou na ocasião as queixas feitas sobre as cobranças que estão a ser feitas no local mesmo com o sofrimento da população, tendo assegurado que não se deve pagar uma vez que as embarcações que estão a ser usadas são do ministério da Defesa.
A fonte reiterou que como grupo parlamentar, o MDM já tem o espelho do que vai defender na Assembleia da República para que o orçamento da província de Nampula seja dado especial atenção, olhando nestas questões de reconstruções. (Nelsa Momade)