Nampula (IKWELI) – Mulheres na governação municipal em Moçambique queixam-se de descriminação e lutam pela igualdade de género para a tomada de decisões, com intuito de contribuir no desenvolvimento socioeconómico.
O país, actualmente, conta com 65 municípios e apenas 6 mulheres lideram estas circunscrições.
A manifestação foi tornada pública na cidade de Nampula, durante a capacitação das mulheres que ocupam cargos de governação nas autarquias, o que permitirá a munição delas com competências técnicas e de gestão de conflitos na liderança.
De acordo com a presidente da Rede das Mulheres Autarcas de Moçambique e edil do município de Mocímboa da Praia, Helena Bandeira, os factores socioculturais e políticos geram a descriminação que continua um desafio que impede o progresso da mulher para o cargo de liderança em diferentes autarquias.
“Através de um concurso, estamos em um encontro de capacitação na cidade de Nampula com a representação de 34 mulheres entre elas presidentes dos conselhos municipais, membros das assembleias municipais, vereadoras de pelouros e outras que ocupam cargos no município.”, disse Bandeira.
No entanto, a fonte lamenta o reduzido número de mulheres na presidência dos municípios.
Bandeira revelou ainda que “a nível nacional, temos 19 mulheres nas assembleias municipais e 119 vereadoras dos pelouros, este número não é significante como nós queríamos”.
A presidente da Rede das Mulheres Autarcas de Moçambique, ainda, afirma que “qualquer mulher é capaz, os problemas existem em qualquer lado e podem ser ultrapassados, também a mulher tem a coragem em detrimento do homem, mulher na governação é garantir melhoria dos serviços públicos e desenvolvimento de um país”, recordando que “nos primeiros dias de governação em Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, vivi momentos de descriminação, porque as pessoas diziam que não eu iria conseguir e entre outros comentários, mas hoje as coisas andam bem, pela graça de Deus, e actualmente nós não temos guerra na nossa cidade e tudo corre bem”.
Na mesma ideia, segundo a presidente da Assembleia Municipal da Beira, Jacinta dos Remédios, a mulher na liderança significa um ganho em busca de desenvolvimento por meio da educação e conscientização.
“Existe um pensamento tradicional que cria autoestima baixa nas mulheres, para além do analfabetismo que continua a limitar as mesmas de estarem em frente de qualquer cargo de governação, então com a realização das capacitações e acesso a informação pode melhorar o estilo de vida das mulheres e estar em pé de igualdade nos lugares de tomada de decisões.”, disse.
Por outro lado, Jacinta dos Remédios critica o facto de ainda haver exclusão de mulheres em processos de tomada de decisões.
Onésia de Amara é vereador de um pelouro no conselho autárquico da cidade da Matola, e afirma que “em Moçambique é difícil a mulher na tomada de decisões e por isso a luta continua para permitir o empoderamento das mesmas, sobretudo nas autarquias, para o meu caso particular espero tornar-me um exemplo para as outras para desenvolver competências no sentido desenvolvimento sustentável”.
Por fim, a directora do Instituto de Formação e Administração Publica Autárquica (IFAPA), em Lichinga, Benilde Salomão, explica que “a cooperação alemã é o patrocinador e outras entidades, viram que era necessário a capacitação específica das mulheres ocupando cargo de liderança nos municípios, neste caso queremos dotar de conhecimentos e competências técnicas”, pois “há tabus que continuam a apoquentar as mulheres”. (Nelsa Momade)