Nampula (IKWELI) – Desde a fase turbo V8 das manifestações de repúdio de resultados eleitorais que circular na cidade de Nampula era um martírio, por conta do bloqueio de algumas ruas e avenidas onde localizam-se instituições do Estado vitais, sob alegação de segurança.
Alguns destes troços pertencem as avenidas Eduardo Mondlane (entre o comando provincial da Polícia da República de Moçambique e o cruzamento com a avenida 25 de Setembro), 25 de Setembro (nos entroncamentos com a rua da Vigilância e avenida da independência, onde funciona o gabinete do Secretário de Estado na província, e do cruzamento com a avenida Eduardo Mondlane e a rua Monomotapa, passando defronte da 1ª Esquadra e do comando da polícia municipal e de fiscalização), avenida Eduardo Mondlane (em frente a residência oficial do governador e em frente ao edifício sede do conselho autárquico da cidade de Nampula), a avenida Josina Machel (da ligação com a avenida do Trabalho até ao cruzamento com a Eduardo Mondlane), da independência (do entroncamento com a 25 de Setembro até ao cruzamento com a rua da Moeda, passando pelo Gabinete do Governador), Francisco Manyanga (do cruzamento com a Eduardo Mondlane, passando pelas laterais das residências do governador e juízes e do conselho autárquico até a direcção provincial de Migração), a rua da Moeda (do cruzamento com a avenida Eduardo Mondlane até a rua Monomotapa) e a rua da Vigilância, que passa defronte da Assembleia Provincial, incluindo a praça dos heróis e parte da avenida das FPLM, na conhecida zona militar.
No seu discurso inaugural, na sua apresentação no Pavilhão dos Desportos de Nampula, o novo governador, Eduardo Mariamo Abdula, anunciou que “vou iniciar com o primeiro acto como governador da província de Nampula, anuncio a retirada paulatina das entradas bloqueadas para o feito da segurança, isso vamos iniciar pela residência oficial do governador e começa hoje, a partir das 17h”.
Tio Salim, como é carinhosamente tratado o governador de Nampula, entende não haver necessidade de colocar barreiras e distância entre os governados e os governantes.
A interdição das vias já vinha inquietando munícipes e automobilistas, pois eram obrigados a recorrer a desvios alternativos para chegar aos seus destinos.
Dauda Page, um dos mototaxistas entrevistados pelo Ikweli, conta os constrangimentos gerados pelo bloqueio da via. “Para nós taxistas, a situação não era boa, gastávamos combustível, os clientes reclamavam do valor que atribuíamos a eles, por exemplo, da Sipal para mercado Central cobrávamos 50,00Mt (cinquenta meticais), por causa do desvio da rota, e os clientes não pagavam. Quem saia em prejuízo éramos nós, sem contar que precisamos de abastecer”, contou esta fonte, acrescentando que “agora que a estrada está livre, estamos felizes porque assim já podemos circular como antigamente e as nossas receitas talvez possam voltar a entrar nos nossos bolsos”.
Outro mototaxista é Tony Fonseca, o qual também não esquece o drama que viveu com o bloqueio “desde que colocaram aquela faixa, nós aumentamos preços, não é só aqui na rua da Vigilância, assim como outras partes da cidade, por exemplo, da Total para ADEMO, cobrávamos de 40,00Mt (quarenta meticais a 50,00Mt), e os clientes negavam de pagar. Agradecemos por terem removido as fitas”.
Os automobilistas não escondem a sua satisfação e um deles é Timóteo, o qual conta que “era muito constrangedor uma pessoa que sai do Matadouro em direção a praça dos heróis ter que dar muitas voltas, sem contar com os buracos, tínhamos que entrar nos bairros, correndo riscos de atropelar crianças. A iniciativa de remover as fitas foi boa, apesar dessa ideia vir tarde”.
Dona Rosalina, mãe de dois filhos, também mostra-se feliz com a remoção das fitas, mas não esconde que já passou por situações constrangedoras devido as mesmas. “Lembro-me que na segunda-feira, estava eu caminhando para a escola de música, no corredor da Assembleia Provincial me fizeram parar e deram-me corrida como se eu fosse insurgente, aquilo doeu-me,” contou. (Atija Chá e Malito João)