Mecanhelas (IKWELI) – A polícia da República de Moçambique (PRM), no distrito de Mecanhelas, província do Niassa, disparou, deliberadamente, balas reais contra alguns apoiantes do partido PODEMOS que marchavam na tarde do último sábado (26) em repúdio ao resultado das eleições de 9 de outubro, que dão vantagem ao partido FRELIMO e ao candidato Daniel Francisco Chapo, com 70%.
Durante a marcha, a vila de Mecanhelas viu-se partilhada por duas forças políticas, por um lado o PODEMOS e por outro, o partido no poder, a Frelimo. Deste confronto, 6 pessoas foram feridas e uma veio a perder a vida.
Um dos jovens que esteve no local e que foi alvejado no braço esquerdo, por um dos agentes da PRM, conta que “a hora em que quis me afastar, o tiro acertou-me o braço, tentei arrastar-me para o carro, não tinha maneira”.
Já o representante do PODEMOS declara que a polícia terá disparado contra os manifestantes com intenção de atingi-los. “A primeira bala que foi disparada era para me furar. Eu vi com meus olhos, o comandante daqui de Mecanhelas a perseguir um jovem que estava connosco e matar de perto, não de longe”.
A porta-voz da PRM, Angelina Cuaela por sua vez, estabelece que foram os membros do PODEMOS que iniciaram o confronto. “Simpatizantes do partido PODEMOS que apoia o candidato presidencial Venâncio Mondlane deslocaram-se ao local onde o partido FRELIMO estava a realizar o seu comício e atiraram pneus com fogo”, justificou.
Sobre as balas disparadas contra a população, Cuaela explica que “a polícia foi obrigada a disparar para o ar, mas 6 pessoas acabaram sendo atingidas nessa intervenção”.
O Centro de Integridade Pública (CIP), no seu boletim sobre eleições, do dia 26 do corrente mês, disse que o cenário vivido em Mecanhelas foi de guerra.
Naquele boletim, consta ainda que alguns membros do partido FRELIMO terão celebrado os disparos contra os simpatizantes do PODEMOS, pois “no vídeo feito, membros da FRELIMO, não apenas se vêm as suas celebrações, quando a polícia disparava sequência de tiros contra os elementos do PODEMOS”.
O CIP relata ainda que alguns jornalistas, no local, viram seus materiais de trabalho serem arrancados quando tentavam fazer gravações. “Quatro jornalistas viram seus celulares confiscados pela polícia durante a cobertura da confusão gerada hoje [sábado, 26 de outubro] na vila de Insaca em Mecanhelas”. (Atija Chá & Felismina Maposse)