Nampula (IKWELI) – A última segunda-feira (16), primeiro dia útil da semana, foi marcado por confrontos sangrentos entre os cidadãos e a Polícia da República de Moçambique (PRM) na capital do país. Conflitos estes que tiveram o seu início pouco depois das 9 horas, nessa altura, as forças de defesa e segurança começaram a dispersar os grupos de manifestantes que se preparavam para participar nas marchas supostamente pacíficas.
Por forma a dispersar os manifestantes, a polícia recorreu a granadas de gás lacrimogéneo e disparos de balas verdadeiras. Durante os tumultos, vários cidadãos, assim como profissionais da área de comunicação, neste caso, jornalistas foram atingidos e feridos, o que criou tensão e pânico no local.
Um cenário que, de acordo com o Hospital Central de Maputo, culminou com o registo de três mulheres e 13 homens feridos durante os confrontos, sendo que do total de 16 entrados, 11 tiveram alta hospitalar.
Por conta disso, em entrevista ao Ikweli, a Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Moçambique (CDHOAM), comparou a actuação dos agentes da PRM a uma máquina descontrolada e sem pilhas.
A comparação foi feita pela Presidente da agremiação, Ferosa Zacarias, que considerou igualmente de “inqualificável” o comportamento da polícia.
“Na verdade, foi uma tortura, um massacre a sociedade civil, nós não temos como qualificar a acção da polícia, eles superaram todos os níveis de qualificações negativas possíveis, há seres irracionais que são mais sensíveis e éticos. Parece que estamos diante de máquinas desgovernadas, onde não há ninguém com controlo remoto para direccionar, para dizer como eles deve agir”, comentou Zacarias.
Segundo esta fonte, não havia necessidade para que a polícia actua-se de tal maneira, visto que o cenário não apresentava ameaça. Por isso, apela que haja responsabilização por parte das autoridades competentes.
“O mais importante é que se se responsabilize a polícia da República, todos os intervenientes nesta acção devem dar seguimento a processos legais para ver se quem sabe com isso possamos ter alguma resposta”.
Por outro lado, a presidente fez saber que a comissão está a acompanhar julgamentos de algos casos em decorrência das manifestações e garante reforço e prontidão para os dias subsequentes, visto que foi anunciada uma nova onda de manifestações previstas para o próximo dia 24.
“Hoje estamos a participar em algumas audiências de julgamento, assim como dar seguimento a algumas acções, estamos a reforçar a nossa prontidão, o nosso plantão para ver em que medida podemos contribuir em defesa dos direitos humanos dos cidadãos a nível nacional”, concluiu Ferosa Zacarias. (Ângela da Fonseca)






