Enquanto os jornalistas repudiam o comportamento da policia: Governo nega que a imprensa tenha sido “alvejada” pela PRM

Nampula (Ikweli) –  Em meio ao caos vivido na última segunda-feira (21) , em que a Policia da República de Moçambique (PRM), na capital do País, usou e abusou dos seus meios bélicos  para disparar  balas de chumbo e gás lacrimogénio  contra os manifestantes, onde a imprensa presente no local não escapou,  sucede que passadas 24 horas , o governo através do porta-voz do conselho de Ministros, Filimão Suaze, veio ao público nesta terça-feira (22),  após uma  sessão para tapar o sol com a peneira”, alegando que não houve disparos contra os jornalistas que cobriam a manifestação.

Na sua locução Filimão Suaze, rebateu que os jornalistas foram atingidos, porque estavam no mesmo local onde havia manifestantes.

“Não posso confirmar que terá havido uma intenção objectiva de atingir qualquer jornalista com esse objecto”.

O  posicionamento  não agradou os jornalistas, principalmente os  que estiveram presentes no local e que  inalaram gás lacrimogénio , e outros  atingidos pelas balas.

Em entrevista ao Ikweli, a Jornalista, Sheila Wilson, condena a postura do Governo, argumentando que há provas suficientes que comprovam o momento em que os jornalistas são atingidos durante a manifestação

“Prova disso é o facto de um encontrar-se internado no Hospital Central de Maputo por ter fraturado um dos membros. A classe jornalística a cada dia vem sendo marginalizada, não só estavam jornalistas nacionais, mas internacionais também que foram igualmente observadores das eleições, nem aos olhos de quem não é da nossa terra a polícia respeitou, ou seja, está tudo publicado, estamos cada vez mais a reduzir no que diz respeito a democracia”.

Lázaro Mabunda, vai mais longe ao afirmar que o país esta a ser governado por aqueles que chamou de anormais e que não estão preocupados com o bem-estar da liberdade de imprensa.

“Nós temos que assumir que não é normal isso que está acontecer, um Governo normal sem pertubacão psiquica não iria aparecer para fazer tais pronunciamentos. A única coisa que devia fazer era lamentar e pedir desculpas e talvez dizer que a polícia não percebeu que estavam jornalistas ali, do que dizer que não houve ataque à impresa, é típico mesmo de um Governo de perturbações mentais gritantes”.

No entender de Mabunda, era vez do governo se redimir e assumir que houve excessos por parte da PRM, por forma a limpar a imagem do país, tendo em conta que era possível notar no local a presença de jornalistas internacionais.

“Isso demonstra que temos um Governo que não percebe o que é um Estado, eles sabem que a função do Estado é defender os seus cidadãos e responsabilizar aqueles que violam a lei”.

Quem igualmente mostrou o seu descontentamento e desmentiu o Governo é o jornalista Dário Cossa, que de perto viveu e sentiu o uso da força pela PRM que não respeitou o chamado “Quarto Poder”.

Cossa considera ser preocupante quando um Governo limita-se em afirmar que a PRM confundiu jornalistas com manifestantes em plena conferência de imprensa.

“A polícia não lançou gás lacrimogéneo para manifestantes, mas sim foi justamente para a imprensa que estava a fazer o seu trabalho, não nos venham cá dizer que era um aglomerado de manifestantes, a polícia sabia muito bem que os manifestantes não estavam naquele local”.

Para o jornalista, o comportamento da polícia foi desnecessário e deve ser encarado como um TPC.

“Nós temos a prerrogativa de estar em espaços públicos e no exercício da nossa actividade nunca devemos ser alvejados e detidos e isso é de lei. E é triste quando o governo aparece a confundir-nos como manifestantes”.

Por conta disso, organizações como o MISA, Sindicato Nacional de Jornalistas, Conselho Superior de Comunicação Social assim como os Bispos Católicos, já  emitiram comunicados onde consideram que o ataque aos jornalistas foi uma autêntica falta de respeito (Ângela da Fonseca)

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