Nampula (IKWELI) – Uma idosa de 82 anos de idade residente na zona de Cotocuane, no bairro de Namutequeliua, nos arredores da cidade de Nampula, foi cruelmente desalojada da sua residência pelos seus próprios filhos acusada de ser feiticeira.
Segundo apurou o Ikweli, a acusação de prática de feitiçaria por idosos é cada vez mais repetida em Nampula e os actores da discriminação de pessoas mais velhas são os próprios familiares, sendo que nos últimos tempos, a situação tem vindo a tomar contornos alarmantes e uma parte desta camada social é obrigada a viver nas ruas ou em centros de acolhimento.
Com lágrimas no fundo dos olhos, a senhora Ana Maria disse que antigamente quando ela conseguia capinar e sustentava os seus filhos nunca teria acontecido algo estranho idêntico, mas agora que ela não consegue nem cartar água, começou o ódio e desprezo dos seus filhos. “Esse assunto começou quando minha filha construiu a sua casa, desde aí, começaram a me desprezar e a não me dar comida. Ela disse que não posso entrar naquela casa que ela construiu, sabendo que essa mesma casa construiu no meu quintal e assim durmo na rua e não tenho o que fazer. Mesmo para comer, não tem sido fácil e todos meus filhos sabem da situação, porque vivem dentro da cidade e não chegam aqui. Meus netos não vêm aqui e até esses mesmo meus netos, há muito tempo enviavam celeste, mas agora nem para chegar para me visitar”.
A fonte acrescentou que o mais triste é que ela foi a responsável por criar todas as condições profissionais da filha. “Quando eu conseguia me virar, ajudei minha filha a se formar em Quelimane, como professora. Ela deixou seus filhos aqui em casa e encontrou todos, ninguém morreu, mas quando começou a trabalhar, começou a me tratar e chegou ao ponto de me expulsar na minha própria casa, alegando que sou feiticeira. Ela pediu emprestado meu dinheiro de 320,00Mt (trezentos e vinte meticais), quando lhe pedi de volta porque queria pagar dízimo na igreja não quis me dar”.
Afastada, a idosa pede apoio a quem é de direito para intervir na situação. “Eu quero ajuda das pessoas que podem resolver essa situação”.
O Ikweli contactou o filho mais velho da idosa para entender melhor a situação, o qual assegurou que “não percebo o que está a acontecer, eu pessoalmente não tenho problemas com minha mãe” e reforçou que “se não lhe visito, é porque não tenho tempo, na semana passada, num domingo, fomos lá para consciencializar a nossa irmã que faz isso para não repetir, mas ainda continua”. (Malito João)