Nampula (IKWELI) – Os munícipes da cidade de Nampula, província moçambicana com o mesmo nome, queixam-se de insuficiência de sanitários públicos e não uso dos mesmos, alegadamente por estarem encerradas as portas há mais de 6 meses pelo conselho autárquico local, o que torna complicada as suas vidas.
A situação obriga que as mulheres façam necessidades biológicas em plásticos ou galões vazios, para depois deixar ao relento, enquanto os homens fazem uso das árvores, paredes ou plásticos, o que tem contribuído,sobremaneira, para o mau cheiro nos principais pontos da cidade.
Ancha Eusébio, de 35 anos de idade e mãe de cinco filhos, vendedeira de comida preparada no parque dosCaminhos de Ferro de Moçambique (CFM), diz estarindignada com a situação por ser uma situação muito antiga e que já é do conhecimento das autoridades competentes.
“Vendo aqui há bastante tempo, então a situação dessa casa de banho é do conhecimento do governo, ele sabe que os sanitários não estão a funcionar, mas sabendo que há pessoas que passam o dia inteiro aqui não fazem nada. Dependemos desse negócio, mas passamos muito mal, pagamos taxas enquanto a casa de banho não funciona eles não se importam.”
Ancha Eusébio conta ainda um episódio recente pelo qual passou e o constrangimento que teve por causa da falta de sanitários públicos “na semana passada entrei de período menstrual enquanto vendia, não sabia como me lavar, tive que recorrer a outros meios, fui pedir emprestado um lugar no quintal dos CFM, para ver se conseguia, pelo menos, trocar a minha roupa interior”.
Ancha entende ainda que a insuficiência de sanitários condiciona a compra dos seus produtos, pois “antes eu vendia aqui e não demorava como agora, os clientes já não aderem tanto como antes, por causa do cheiro que o local traz, mesmo se distanciando do sítio, o cheio acaba te encontrando, porque acabamos urinando ao relento, visto que as portas da casa de banho estão trancadas”.
Por outro lado, Lino Paulo, também vendedor ambulante de refrigerantes naquele local, conta que durante o período que fica a vender tem sido difícil encontrar um lugar para fazer as suas necessidades biológicas, devido a situação, sendo assim, prefere recorrer as paredes do sanitário alocado ou o murro dosCaminhos de Ferro de Moçambique, narrando que “tem sido difícil fazer as necessidades biológicas esse todo tempo que fico aqui a vender, muitas das vezes as pessoas, por verem que o local está muito sujo,preferem recorrer a plásticos para fazerem necessidades maiores e menores. Outros acabam fazendo nos galões vazios, as pessoas vientes, que pretendem subir transporte para um certo destino,acabam pisando e isso acaba criando mau aspecto,porque também tem estado a afectar o nosso negócio. Clientes não aparecem para comprar por saberem que esta a cheirar mal. Gostaria que o conselho municipal melhorasse a questão dos sanitários públicos, em vez de fechar por conta das dificuldades”.
Zidane Omar Saleque responsável pelostransportadores públicos distritais, no parque dos CFM,revelou ao Ikweli que os passageiros que pretendem chegar a diversos destinos fora do distrito de Nampula, encontram dificuldades para urinar, devido ao encerramento dos sanitários públicos. “Na verdade,estamos muito mal com a situação de sanitáriospúblicos, principalmente nesta área, não temos onde fazer nossas necessidades biológicas, porque o conselho municipal trancou as portas há seis meses. O pior de tudo sem nenhuma justificação”.
Outros munícipes entrevistados pelo Ikweli exigem ao conselho municipal a reabertura das portas, e, caso o conselho municipal não o faça, ameaçam vandalizar a mesma.
O que diz a edilidade?
O vereador do pelouro de Salubridade, Higiene e Gestão Funerária na autarquia da cidade de Nampula, Assane Ussene, fez saber que os sanitários públicos foram fechados porque estão no processo de reabilitação.
“Os sanitários públicos estão encerrados porque estão em processo de reabilitação, o que está em funcionamento é o do parque popular. Os outros, como do mercado Waresta, zona da Academia Militar, Caminhos de Ferro de Moçambique e do Hospital Central de Nampula estão em reabilitação, mas o facto de estarem em reabilitação não significa que as pessoas devam começar a fazer algo que não énormal”.
Assane Ussene revelou ainda que “já se fez o processo de lançamento do concurso para a requisição de sanitários móveis, no sentido de poder acabar com a situação de estar a se fazer necessidades biológicas ao relento e os sanitários móveis que adquirimos já podem ser usados de forma correta”. (Virgínia Emília)