Nampula (IKWELI) – Desde que ascendeu a direcção máxima da autarquia de Nampula, pela Renamo, Paulo Vahanle tem se mostrado difícil de lidar com questões de asfalto, tanto é que as duas tentativas de construir estradas asfaltadas deram em grande atrapalhada.
Parte da rua de Marrere e a da segunda faixa da avenida Eduardo Mondlane são exemplo disso, não se esquecendo que parte significante das intervenções da edilidade nos buracos, que consumem o asfalto do centro da cidade, foram, quase sempre, com base em material inapropriado (areia). Alias, num passado recente Vahanle adquiriu quantidade de asfalto que se presumiam estar fora do prazo.
Feito isso, nos dias que correm o executivo da autarquia de Nampula está, há sensivelmente duas semanas, a trabalhar no tapamento de buracos nas ruas e avenidas da urbe com recurso a areia de pedreira, ou seja, pó de pedra, extraída em algures do raio municipal. O facto não agrada alguns munícipes que exigem uso de material apropriado para tornar consistente e duradouras as estradas da urbe.
Para a apreciação dos munícipes, o trabalho da edilidade simplesmente serve para “fazer o boi dormir”, pois não oferece condições de durabilidade, para além de que o material usado é próprio para levantar poeira, a exemplo de estradas terra batidas.
Esta acção ocorre em plena época chuvosa, o que contraria as intenções da própria edilidade que em Março último garantiu a manutenção das vias de acesso no centro urbano e nas periferias, só depois do fim do período de chuva, de modo a evitar interrupções e flexibilizar os trabalhos do pessoal.
“Esse trabalho que estão a fazer não nos agrada. O município devia era destruir as vias em estado crítico e voltar a reabilitar colocando alcatrão de qualidade. Talvez assim esqueceríamos por muito tempo a febre de buracos nas estradas da cidade”, apreciou o automobilista Osmar Castro, entrevistado ao longo da Avenida 25 de Setembro, onde se verifica a colocação de pó da montanha para tapar buracos.
Dos pontos onde se verifica o tapamento o destaque vai para as avenidas Paulo Samuel Kankhomba, 25 de Setembro e a FPLM, e a Rua dos Continuadores passando pelo edifício onde funciona o gabinete do governador de Nampula. Por isso, os cidadãos fazem uma apreciação negativa, pois a edilidade ainda não se predispôs para solucionar o problema da transitabilidade condicionada na chamada capital do Norte.
“Esse não é um trabalho de qualidade, pois o material que estão a utilizar não é apropriado. Logo, esse trabalho é mais para inglês ver, quando a chuva cair tudo será redundado ao fracasso porque só é areia que colocam”, referiu Cheomar António, outro munícipe.
Este interlocutor, para além de criticar, sugere ao executivo do município a encontrar formas claras e próprias para aliviar o sofrimento da população, no contexto do elevado estado de degradação das vias de acesso na cidade e nos bairros suburbanos. Enfim, “o conselho deve usar o material próprio, não recorrer a essa areia da montanha que não resolve nada. É só chover um dia que voltaremos a transitar sobre os buracos”, comentou.
Na mesma abordagem do citadino Cheomar António, a automobilista Jéssica da Fonseca disse ser inapropriado o material que está a ser utilizado, por isso recomenda ao Paulo Vahanle e o seu executivo, a aliviar o sofrimento dos transeuntes. Aliás, no entender desta cidadã, o município tem técnicos capazes de identificar material apropriado para a manutenção das estradas.
Ademais, “o tapamento de buracos na cidade de Nampula é uma pedra no sapato. O nosso município que é responsável pela situação parece estar de braços cruzados, como quem diz que estamos no fim do mandato. O uso da areia da montanha para fechar buracos é uma vergonha e não passa de uma intenção de tapar a vista dos munícipes”, advertiu Agostinho Lopes para quem aponta a existência de recursos próprios para a execução das actividades do género.
Enquanto isso, a edilidade mantém-se calada. Quando contactada pelo Ikweli, através do director do gabinete de comunicação e imagem, nos foi orientado a contactar o vereador de Manutenção e Obras, Izidine Muhidine, que simplesmente ignorou de forma arrogante a nossa equipa de reportagem que o contactou. (Esmeraldo Boquisse)