Nampula (IKWELI) – Pelo menos quatro indivíduos de idade compreendida entre 24 e 34 anos de idade estão detidos pelas autoridades policiais da província de Nampula, indiciados na prática do crime de falsificação de documentos, a destacar cartas de condução, certificados de escolas públicas, alvarás e bilhete de identidade.
Esta prática não é nova em Nampula. No passado já, também, levou cidadãos aos calabouços e sempre as vítimas justificaram que recorriam àquele meio pela demora que observa nos serviços públicos de obtenção de carta de condução.
Um dos indiciados, apontado como cabecilha do grupo, afirma ser técnico profissional em construção civil e que o equipamento informático recuperado na sua residência o pertence. No entanto, recusa a prática do crime e diz conhecer alguém que se prontifica em facilitar a emissão de documentos como carta de condução, no INATRO, delegação de Nampula.
De acordo com informações avançadas pelos outros integrantes do grupo, por sinal mediadores dos clientes que procuravam obter as cartas, e que se encontram também detidos, o auto-afirmado técnico profissional em construção civil fazia se passar de funcionário do INATRO, a fim de lograr os seus intentos, razão pela qual as vítimas caíram facilmente na armadilha.
“De princípio foi por causa de fabricação de carta de condução. Alguém negociou para obter carta de condução e depois sentiu-se insatisfeito, por isso procurou a polícia e apresentou o seu problema. E quando a pessoa que tratou o assunto foi detida, mencionou meu nome, alegando que eu falsifico os documentos. Por isso não reconheço essa prática, o material recuperado pertence a mim e que trabalho na área de construção civil”, recusou o indivíduo.
O indiciado sabe que a sua detenção resultou de uma denúncia, e refuta todas as acusações alegadamente porque o equipamento informático que tem não tem a capacidade de produção de cartas de condução ou documento afins.
Já o outro indivíduo detido, por sinal intermediário, confirma ter levado três pessoas interessadas em obter cartas de condução ao encontro do suposto chefe do grupo para facilitar, isto porque antes este [cabecilha], alegou ser funcionário do INATRO. Para o efeito, os três interessados dois pagaram 7000,00Mt (sete mil meticais), enquanto o outro foi cobrado o valor de 17.500,00Mt (dezassete mil meticais) em Dezembro do ano passado.
Por sua vez, o SERNIC, através da respectiva porta-voz Enina Tsinine esclarece que “o SERNIC recebeu uma denúncia em que um indivíduo teria procurado um autor para que lhe facilitasse o tratamento de carta de condução de forma fácil. Mas no lugar de facilitar o processo no cadastro para o sistema, foi-lhe entregue uma carta de condução que lhe custou um valor e, sentindo que amanhã seria responsabilizado, procurou os nossos serviços e mostrou-nos a carta”.
A porta-voz referiu que o caso vai ser encaminhado às instâncias judiciais para o seu tratamento e possível responsabilização. Contudo, sublinha a existência do quinto integrante do grupo, funcionário do INATRO que facilita o extravio e/ ou falsificação de cartas de condução e o cadastro no sistema para os interessados. (Esmeraldo Boquisse)