Maratane: Mulheres refugiadas praticam comércio para garantir a sua subsistência

Nampula (IKWELI) – A 20 de Junho corrente, o mundo assinalou o Dia do Refugiado, e no centro de Maratane, cidadãs oriundas de vários países praticam o comércio para garantir a sua sobrevivência.

Uma equipa da reportagem do Ikweli visitou o Centro de Refugiados de Maratane, onde colheu várias estórias das mulheres que ali se encontram, cuja maioria encontra na agricultura e no comércio a sua fonte de sobrevivência.

Designada pelas Nações Unidas, o Dia Mundial do Refugiado é uma data internacional designada para homenagear àqueles obrigados a fugir de suas casas, em todo o mundo, marcando a força e coragem das pessoas que tiveram que fugir de seu país para escapar de conflitos ou perseguições.

No centro de Maratane, há, maioritariamente, cidadãos oriundos dos países africanos da região dos Grandes Lagos, com incidência para Congo, Ruanda Burundi, Etiópia, Uganda e Somália.

Segundo dados da direcção do centro, 60% das mulheres ali refugiadas são oriundas de Congo.

Algumas destas refugiadas têm vindo a solicitar o repatriamento voluntário para as suas zonas de origem, por entenderem que a situação que as fez abandonar esteja já resolvida, mas o processo é lento e longo.

“Eu estou aqui em Maratane desde o ano de 2013”, aponta a senhora Faze Rehema, refugiada congolesa, acrescentado que sente saudades de casa por conta da dura vida que está em Maratane. “Antes eu não tinha saudades de voltar a casa, mas ultimamente eu sinto muitas saudades, isso porque já não estou a aguentar viver aqui em Nampula”.

Segundo Rehema é deveras difícil partilhar o mesmo espaço com milhares de pessoas de origens, culturas e tribos diferentes, tanto que para ver o tempo passar solicitou um espaço para desenvolver a agricultura, mas a população nativa ordenou que abandonasse a área.

Para garantir a sua subsistência, esta fonte conta que “estou a vender aqui na minha banca, porque não tenho mais outra alternativa, eu dependo do mesmo negócio para sustentar a minha família e suprir às pequenas necessidades da minha casa”.

Faze Rehema ainda guarda memórias do terror que passou durante o tempo que esteve em Congo, por conta da guerra que assola aquele país. “Lá eu vive momentos tristes, vi muitas mortes”, mas “se houver oportunidade de voltar para a minha terra eu volto, porque não estou a aguentar essa vida que estou a viver actualmente”.

Para além desta fonte, o Ikweli entrevistou outras senhoras, cuja maioria se encontra nesta situação, a qual a consideram de degradante, sobretudo porque os apoios alimentares nunca chegam na hora.

“Antes o Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados dava-nos alimentos, mas de repente, sem muita explicação, pararam de nós dar essa comida”, disse uma outra entrevistada, que concluiu que “se eu deixar de vender hoje e seguir assunto de festa não saberei como alimentar os meus filhos, visto que só uma mulher solteira, e comida é essa que não nos dão há bastante tempo”. (Hermínio Raja)

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