Nampula (IKWELI) – O cientista político Arsénio Cuco afirma que o povo moçambicano deve se engajar na luta para combater a violência e que não deve olhar o fenómeno terrorista como sendo algo distante, ou seja que assola somente a província de Cabo Delgado, mas como algo que afecta Moçambique todo.
As declarações forram feitas no âmbito da análise das recentes incursões terroristas nos distritos de Memba e Eráti na Província de Nampula.
Para este analista, trata-se de um problema que de tal forma não podemos descartar a possibilidade deste movimento se alastrar para outros cantos porque podem actuar sem a mesma característica que tomaram no início, porque sabe-se que desde a eclosão do fenómeno gira em três províncias do norte de Moçambique e isso mostra que há necessidade de todos nós ficarmos em alerta. “Há uma necessidade, mais séria de se ter em consideração que o terrorismo deve ser analisado como um Moçambique todo,” disse Cuco.
A fonte entende que até então “as análises só se circunscrevem a Cabo Delgado e inclusive as variáveis explicativas referentes a isso estão apenas ligadas aquela província e eu acho que há uma necessidade de expandir a forma de analisarmos a situação. É preciso que a gente olhe este novo modo operandi porque os terroristas conseguem sentar com a população e conversar, e isso pode gerar um novo tipo e situações que é o perigo da população começar a olhar para eles como se estivessem a lutar por uma causa justa. Até agora não há evidências das razões que levam os terroristas a praticarem as atrocidades então, este é o memento de procurar esforço para que se entenda porque praticam esse tipo de atrocidades,” sublinhou Cuco.
Quando as declarações do governador de Cabo Delgado que convida os terroristas a participarem do diálogo inclusivo no sentido de exporem as suas revindicações, o analista diz que não se pode descartar o apelo daquele governante porque provavelmente pode ter motivos para tal, porque convive com a situação de violência perpetrado por terroristas a bastante tempo.
“Desde que a violência começou penso que o governador estava a dirigir, e é uma figura que eu acho que entende este fenómeno de tal forma que não se pode ignorar uma figura que governa uma Província que está em uma situação tenebrosa em que as pessoas estão a morrer. Eu encontro razões no discurso dele porque no segundo mandado do Nyusi houve sempre vozes que defendiam a necessidade de dialogar com o grupo que semeia a violência,” referiu Cuco. (Francisco Mário e Hermínio Raja)