Igreja Católica volta a recuperar terras invadidas no bairro de Namicopo

Nampula (IKWELI) – Uma operação conjunta envolvendo a Polícia da República de Moçambique, (PRM), a Polícia Municipal e representantes do tribunal judicial resultou, nesta sexta-feira (3), na retirada de dezenas de ocupantes ilegais de um terreno pertencente à Igreja Católica, no bairro de Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula.

A intervenção incluiu ainda a destruição das construções precárias erguidas no local.

A acção decorreu após meses de ocupação indevida do espaço, utilizado por seminaristas e irmãs religiosas, e aconteceu num clima de tensão. Os ocupantes resistiram à ordem de despejo e chegaram a ameaçar as autoridades, além de declarar que poderiam incendiar o seminário e as residências vizinhas. No entanto, a presença das forças de segurança garantiu que o processo fosse concluído sem incidentes graves.

Os invasores admitiram ter ocupado o espaço de forma ilegal, justificando-se com a falta de habitação e exigindo compensação pelo abandono da área. A situação, entretanto, reforça um problema mais amplo que preocupa a hierarquia da Igreja Católica em Nampula: a crescente apropriação de terrenos da instituição por diferentes grupos.

Recentemente, o arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saure, manifestou publicamente inquietação diante da onda de invasões, tanto por populares em busca de um lugar para viver, quanto por pessoas com posses que tentam se beneficiar de terrenos da Igreja. Para o prelado, este cenário ameaça não apenas o património da instituição, mas também a convivência pacífica dentro da comunidade.

Na mesma ocasião Dom Inácio sublinhou que a Igreja, enquanto parceira do Estado no desenvolvimento social, precisa de segurança jurídica para continuar a desempenhar a sua missão nas áreas de educação, saúde e assistência às famílias vulneráveis. “Se os nossos espaços forem sistematicamente ocupados, estaremos a comprometer o futuro de muitos serviços prestados à população”, advertiu.

Com a acção desta sexta-feira, as autoridades reafirmam a necessidade de respeitar a legalidade e proteger o património institucional. Contudo, o caso evidencia também os desafios sociais da cidade, marcada pelo crescimento populacional desordenado e pela carência de políticas habitacionais capazes de responder à procura de terrenos urbanos. (Malito João)

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