Nampula (IKWELI) – Um cidadão, de 25 anos de idade, foi recolhido às celas do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), no distrito de Ribáuè, província de Nampula, acusado de estar envolvido em esquemas de burla.
De acordo com o SERNIC, o indivíduo apresentava-se como Presidente do Conselho de Administração (PCA) de uma empresa de segurança fantasma, através da qual conseguiu enganar mais de 50 pessoas. Para dar credibilidade às suas incursões, o suspeito integrou-se numa comunidade cristã em Ribáuè, onde ocupou um cargo de destaque, como evangelista.
Segundo a porta-voz do SERNIC em Nampula, Enina Tsinine, o acusado montou uma estrutura organizativa completa, com cargos que iam desde director executivo, secretário até instrutor. Natural da cidade de Nampula, concretamente do bairro de Namicopo, o jovem cobrava valores que variavam entre 500,00Mt (quinhentos meticais) e 1.500,00Mt (mil e quinhentos meticais) e as vítimas preferenciais eram mulheres, para garantir supostas vagas de emprego.
“Tivemos, no dia 9, uma denúncia proveniente de nossas fontes, que indicava a existência de uma empresa envolvida em burlas relacionadas com contratacção de emprego. Após trabalhos de investigação, conseguimos identificar o local onde o indivíduo se encontrava em flagrante delito, recrutando jovens para uma alegada empresa de segurança privada. Durante a verificação, constatou-se que a empresa não possuía qualquer documento legal de funcionamento, para além do registo criminal do próprio acusado. Investigámos também algumas vítimas, que confirmaram ter pago valores entre 500 e 1.500 meticais, com a promessa de receber salários entre 4.000,00Mt (quatro mil meticais) e 10.000,00Mt (dez mil meticais) após um suposto treinamento”, explicou Tsinine.
No local foram apreendidos crachás e peças de vestuário que serviam de uniformes falsos. “O espaço que funcionava como sede da empresa era, na verdade, uma pensão, onde o suspeito construiu um gabinete precário feito de capim, sem condições para inspeção. Durante o interrogatório, o indivíduo alegou que, por possuir registo criminal e policial, achava que isso bastava para criar uma empresa, mesmo sem alvará nem outros documentos exigidos. Para além de Ribáuè, ele também levava a cabo um recrutamento na cidade de Nampula, no bairro de Natikiri, dentro de uma tenda sem condições. No total, estimamos 58 vítimas, sendo 17 na cidade de Nampula e 41 em Ribaue”, acrescentou a porta-voz.
Uma das vítimas, apresentada como “diretora geral” da falsa empresa, revelou que não sabia que se tratava de uma organização ilegal. “Ele encontrou-me no mercado, onde eu vendia badjias, falou-me das vagas de segurança e convidou-me para me inscrever pagando 500 meticais. Logo depois, nomeou-me como directora executiva. O meu trabalho era apenas vir e sentar”, contou.
Por sua vez, o suposto PCA justificou que os valores cobrados eram para apoiar o crescimento da empresa, que estaria numa fase inicial, e alegou ter sido mal informado sobre os documentos necessários para a criação de uma empresa de segurança.
“O primeiro passo foi ir à PRM, onde expliquei que queria criar uma empresa de segurança. Deram-me um formulário que preenchi e organizei os documentos. Achei que já podia estruturar a equipe e devolvi os papéis, mas disseram que ainda faltava a certidão do registo. Eu cheguei a Ribáuè inicialmente por causa da igreja, onde actuo como servo. Gostei do distrito e quis criar a empresa como parte da minha organização. Mas, infelizmente, tudo acabou por correr mal”, concluiu.
Durante a apresentação pública, o SERNIC aproveitou para conversar com as vítimas, alertando-as sobre normas a seguir para evitar cair em burlas semelhantes durante a procura de emprego. (Malito João)
