Nampula (IKWELI) – A província de Nampula, localizada no extremo norte de Moçambique, registou 18 casos de uniões prematuras durante o primeiro trimestre do ano em curso, contra 6 de igual período do ano passado, o que significa que houve um aumento de 12.
A chefe provincial do Gabinete de Atendimento à Família e Crianças Vítima de Violência, Adelina Matos, disse que os casos foram registados em 15 distritos da província, nomeadamente Nampula, Rapale, Ribáuè, Eráti, Malema, Meconta, Angoche, Mecubúri, Moma, Nacarôa, Meconta, Mossuril, Mogovolas, Muecate e Monapo, respectivamente.
Na ocasião, a fonte fez saber que, o distrito de Eráti registou quatro casos de uniões prematuras. No entanto, explicou que o aumento de casos se deve ao facto de haver muitas denúncias, isso porque as pessoas já estão mais consciencializadas sobre a importância de denunciar situações de género.
“Houve um aumento porque as pessoas já vêm denunciar e tudo isso por causa das actividades de sensibilização, onde explicamos onde devem encaminhar os casos. Antigamente as pessoas vivenciavam situações de uniões prematuras e não denunciavam, talvez por medo ou porque não sabiam aonde recorrer, e agora pelo trabalho que a polícia e outras organizações tem feito no sentido de falar que as crianças não podem casar, a comunidade já tem noção de que estamos perante a um caso prematuro e que temos que denunciar”, explicou.
Matos garantiu que todas as raparigas que estavam a viver numa união prematura foram devolvidas ao convívio familiar. Entretanto, nesse processo foi descoberto que uma rapariga, menor de 14 anos de idade, estava grávida de quatro meses no distrito de Ribáuè.
“Esse caso aconteceu lá na comunidade, onde quando uma menina apanha a primeira menstruação já é considerada como uma mulher pronta para casar. Então recebemos uma denúncia e fomos lá desfazer o caso, porque são menores os dois ela tem 14 e ele 15 anos de idade, nesta relação a menina ficou grávida de quatro meses e já não tinha como dizer para ir a saúde, temos essa instrução que pode entrar para o hospital para retirar, mas já era tarde”, afirmou.
Por isso, Matos apela a todos pais e encarregados de educação, bem como a comunidade em geral, a não submeter as raparigas as uniões prematuras.
“As pessoas não podem se unir em uma união de facto ainda menor porque há prejuízos, há gravides precoce, depois consequências na hora do parto e por conseguinte temos as mortalidades por ser uma criança e não consegue lidar com os serviços de parto e acaba perdendo a vida. Então, sempre que formos a nos deparar com uma menor que está numa união prematura devem denunciar os casos aos postos policiais ou esquadras ou nos comandos distritais temos secções de atendimento a Família, Menor Vítima de Violência, porque é sentimental aceitar que nossas filhas sendo crianças se juntem com homens”, disse.
Relactivamente aos casos de violação sexual com menores, foram registados 71 contra 43
Adelina Matos disse ainda ao Ikweli que a província registou um total de 71 casos de violação sexual contra menores no primeiro trimestre do presente ano, contra 43 de igual período do ano anterior, havendo um aumento de 28 casos.
“Fazendo uma descriminação de casos por distrito, tivemos a cidade de Nampula com 26, Monapo 24, Moma 9, Nacarôa 5, Meconta 4 e Eráti com 3 casos de violação com menores de 13 a 17 anos de idade, todos os processos já foram tramitados e se encontram na procuradoria”.
A fonte referiu que, quanto aos acusados destacam-se os padrastos, vizinhos, namorados tios e pessoas desconhecidas. (Ângela da Fonseca)