Nampula (IKWELI) – Algumas crianças residentes no bairro de Napipine, na conhecida zona da antiga Gorongosa, na cidade de Nampula, estão a comprometer o seu futuro devido à prática de jogos de azar, conhecidos localmente por “Jhamblu”.
Segundo apurou o Ikweli, várias crianças passam o dia inteiro em torno dessas máquinas, muitas vezes sem sequer tomar banho, numa clara demonstração de como o jogo está a marginalizar este grupo etário.
Em alguns casos, os menores aparecem com sacolas ou plásticos nas mãos, sinal de que foram enviados pelos pais ao mercado, mas acabam desviando-se da missão para se dedicar ao jogo, desobedecendo aos seus educadores.
Miro Zacarias, morador daquela área, contou ao Ikweli que o jogo tem desviado muitas crianças, que sem noção dos prejuízos, chegam a sacrificar o dinheiro das compras na tentativa de multiplicá-lo.
“Nós sempre vemos crianças que, quando são mandadas ao mercado, levam o dinheiro e colocam naquelas máquinas para tentar aumentar, mas acabam perdendo tudo, até alguns chegam a roubar em casa para jogar, essa situação não é boa, e o ideal seria que as autoridades retirassem essas máquinas, porque estão a ensinar maus comportamentos às crianças,” disse.
Também preocupada, Maria Daudo recorda uma má experiência vivida com o filho “Um dia mandei meu filho comprar óleo por volta das 11 horas, e até às 13 não tinha regressado, quando tentei ligar, descobri que estava preso às máquinas. Ele tinha levado 200 meticais, mas acabou gastando tudo, já que o jogo começa a partir de 5 meticais. Falo a verdade, essas máquinas deveriam ser retiradas, porque estão a destruir nossas crianças. Até na escola, quando damos lanche, eles acabam gastando no jogo em vez de comer,” lamentou.
Na tentativa de ouvir a versão do responsável pelo espaço, o proprietário, que preferiu não se identificar, afirmou apenas “eu não sei de nada, meu trabalho é apenas controlar a máquina para não ser violada e dar troco, porque ela funciona com moedas de 5 meticais,” disse.
Contactado pelo Ikweli, o delegado interino da Inspeção Nacional de Atividades Económicas (INAE) em Nampula, Silvano Alexandre, explicou que, recentemente, a instituição recolheu várias dessas máquinas, consideradas um perigo para a sociedade “os trabalhos de recolha vão continuar, mas precisamos saber a localização exata dessas máquinas para facilitar a nossa ação,” assegurou. (Malito João)