Nampula (IKWELI) – O jogo entre o Futebol Clube São Simão e o Sporting de Nampula, a contar para a sexta jornada do campeonato nacional da segunda divisão, fase provincial de Nampula, Nampulense deste ano, na sua série B, agendado para o último sábado (31), no campo da Subestação, não se realizou devido a falta de policiamento.
O regulamento da prova prevê que nenhum jogo deve ser realizado sem cobertura policial, isso para garantir que seja salvaguardada a integridade física de todos intervenientes na partida, incluindo o próprio público.
É da responsabilidade da equipa anfitriã solicitar a presença policial. Geralmente, o pedido deve ser feito num período mínimo de 24 horas, segundo apuramos.
O que sucedeu é que o Futebol Clube São Simão fez o pedido à polícia, segundo uma carta remetida à secretaria do Comando Provincial da Polícia da República Moçambique (PRM) em Nampula, a 29 de maio do ano em curso, portanto, mais que 48 horas.
Entretanto, até por volta das 15 horas e 30 minutos de sábado findo, a equipa da polícia não se fazia presente no campo da Subestação e, consequentemente, os árbitros recusaram-se a entrar nas quatro linhas para a realização da partida.
“Até neste momento não temos a força policial para a protecção dos próprios atletas, assim como do público em geral que está aqui. Segundo os nossos regulamentos, não se pode jogar sem segurança. Tentamos tolerar mais de 30 minutos, e sendo assim, não será realizado mais jogo”, disse Santos Pereira, Vice-presidente para alta competição na Associação Provincial de Futebol de Nampula.
Trata-se de um acontecimento que deixou frustrado o público que acorreu em massa ao campo para assistir a partida. Aliás, disseram que, seja de quem for a responsabilidade, aquela acção atrasa o desenvolvimento do futebol na província.
“O que está a acontecer no nosso desporto aqui em Moçambique, o próprio governo deve ver isso, porque é feio. Vir uma equipa para jogar, depois não se realizar o jogo, é mau, deve-se corrigir isso”, desabafou Juma Vieira, um desportista.
“Isso é lamentável. Toda a culpa é da Associação Provincial de Futebol porque nós sabemos que quando se joga neste campo, a equipa de São Simão não traz polícias neste campo. O Sporting de Nampula é um clube grande, por isso não é para trazer neste campo. O Sporting é um clube grande, fez despesas com jogadores para aqui, para depois não se jogar, isso não é bom”, disse Sarádia, um adepto.
O bilhete de ingresso para o jogo era de 30,00Mt (trinta meticais). Inconformados com a situação, os que haviam pago o bilhete, imediatamente foram a bilheteira para exigir de volta os seus valores.
O Presidente da Comissão Provincial de Árbitros de Futebol (COPAF) de Nampula, José Mucarara, lamentou a situação, mas justificou que os seus árbitros aceitaram ajuizar o jogo como forma de fazer cumprir com a lei que rege a competição.
“Nós sabemos que qualquer jogo, em qualquer parte do mundo, sempre tem que ter segurança para a sua realização, sem segurança não se pode realizar o jogo de futebol. Eu quero acreditar que o delegado do jogo é responsável para apresentar a questão a Associação Provincial de Futebol e, os árbitros apenas vão fazer o relatório daquilo que viram”, frisou Mucarara.
A não realização do jogo pode concorrer na atribuição de derrota a equipa de São Simão, bem como algumas multas. Entretanto, isso pode não acontecer, o jogo pode ser realizado, caso o Conselho de Disciplina da Associação Provincial de Futebol de Nampula considere a possível justificação plausível do Futebol Clube São Simão. Aliás, a salvaguarda de São Simão é a carta de pedido de policiamento que remeteu ao comando.
Zaire Sololo, presidente do Futebol Clube São Simão, lamentou o sucedido, depois de intenso trabalho burocrático que levou a cabo para garantir o policiamento.
Sololo disse que, para além de ter remetido a carta ao comando, o seu elenco fez questão de procurar a resposta na qual teve garantias, segundo disse, do chefe das operações da 1ª esquadra da PRM, na cidade de Nampula.
Ainda no mesmo dia do jogo, Zaire Sololo contou que foi até ao posto policial de Muthita, localizado a poucos metros do local do jogo onde, também, não teve satisfação pois a justificação foi de que o efectivo policial disponível, na altura, era em número reduzido e que estava envolvido em outras missões de garantia de ordem e tranquilidade públicas.
Até o fecho desta matéria, a Polícia da República de Moçambique não tinha se pronunciado em torno deste incidente desportivo. (Constantino Henriques)