Nampula (IKWELI) – Há pelo menos dois meses que a província de Nampula depara-se com um surto de sarampo, tendo até o momento registado um cumulativo de onze óbitos comunitários em crianças menores de 10 anos, isto é, mortes notificadas fora das unidades sanitárias no distrito de Eráti.
Segundo informações fornecidas Chefe de Saúde Pública, Geraldino Avalinho nos Serviços Provinciais de Saúde de Nampula, a província conta com 330 casos de sarampo notificados em sete distritos, nomeadamente a cidade de Nampula, Meconta, Mossuril, Nacala, Nacala-à-Velha, Liupo e Eráti, sendo que este último registou os primeiros casos em Setembro do ano em curso, tendo até então um cumulativo de 190 doentes.
“Eráti foi o primeiro distrito que registou casos de sarampo, numa comunidade que faz ligação com vizinha província de Cabo Delgado. Foi no passado dia 19 de Setembro em que nós declaramos o surto na província de Nampula e de lá para cá o número dos distritos foi somando até, actualmente, alcançarmos sete”, explica a fonte.
Por isso, para responder ao surto, o Ministério da Saúde decidiu imunizar cerca de 2 milhões de crianças dos 9 meses aos cinco anos de idade, nos 23 distritos da província de Nampula, através de uma campanha de vacinação que teve início na passada segunda-feira (09) e irá estender-se até o dia 14 do corrente mês.
Para o efeito, o sector conta com mais de dois milhões de doses de vacinas em igual número de seringas, que serão administradas por 1.160 equipas constituídas por técnicos de saúde. “Independentemente se essas crianças tomaram ou não a vacina no passado contra esta doença, portanto, trata-se de uma dose de reforço e de resposta ao surto de uma doença altamente transmissível que afecta com maior enfoque as crianças. Como estratégia, há circuitos que cada distrito desenhou para que possa seguir e compreender as concentrações que diariamente poderão ser abrangidas, temos equipas que estão a fazer brigadas móveis e outras estão baseadas nas nossas unidades sanitárias para oferecer a vacina”.
Segundo Avalinho, a escolha do grupo alvo para a vacinação deveu-se ao facto de apresentar maior risco de mortalidade devido aos sinais de gravidade do surto. “Se por acaso esta doença acomete um indivíduo de idade igual ou superior aos 15 anos, o quadro clínico não vai ser igual a um quadro clínico de uma criança que tem o mesmo problema, mas com idades que variam entre os 9 aos 59 meses, essas têm maior risco de desenvolver sinais de gravidade e irem a óbito, por isso que mereceu mais atenção”.
Por ser uma actividade que decorre em meio as manifestações, Avalinho fez saber que foi feito um mapeamento nos distritos onde a onda de protestos é elevada, entretanto, notou-se abertura por parte das comunidades, visto que até o momento nenhuma unidade sanitária foi vandalizada por conta da situação actual que se vive no país. “Embora estejamos num período atípico, nós como sector de saúde temos o dever e o compromisso de levar tudo aquilo que tem que ser alocado para que a nossa população esteja saudável”.
Entretanto, a fonte disse ainda haver medo por parte de técnicos de saúde em ir para alguns distritos onde as manifestações são mais violentas, como é o caso de Mogovolas, Moma, Larde, Ribáuè.
“Mas nós temos vindo a monitorar e, felizmente, do balanço que realizamos, no primeiro dia não tivemos cenários que de certa forma impedissem a realização normal destas actividades, e porque percebemos que o sector de saúde não foi vandalizado, entendemos que há uma abertura por parte dos manifestantes para que o sector de saúde continue a fazer algumas actividades sem turbulências”, disse Avalinho.
O sector está ainda a consciencializar as comunidades sobre as formas de prevenção, bem como a apelar para adesão às campanhas de vacinação de modo a conferir o crescimento saudável dos menores.
Vale ressaltar que, para além de Nampula, a campanha está a decorrer igualmente nas províncias de Inhambane, Gaza e Niassa. (Ângela da Fonseca)
