Nampula (IKWELI) – O Hospital Central de Nampula (HCN), a maior unidade sanitária do norte do país, atendeu, durante os primeiros 11 meses do ano em curso, 40 homens com cancro da próstata, dos quais três resultaram em óbitos.
Esse número apresenta um incremento no registo de novos casos e uma redução nas mortes, quando comparado com os 13 casos e cinco óbitos no mesmo período do ano passado.
As autoridades do HCN informaram que ainda prevalecem situações em que os homens têm receio de procurar a unidade sanitária para realizar o rastreio e seguir o tratamento da doença, devido a mitos populares. Contudo, esse facto preocupa os profissionais de saúde, que têm se empenhado em campanhas de sensibilização.
A médica residente em urologia do HCN, Ludmila Zacarias Jonasse, afirmou que os principais fatores de risco são a raça negra, o consumo excessivo de álcool e tabaco, dificuldades para urinar ou urinar frequente, sangue na urina, entre outros.
Ludmila falou durante uma palestra dirigida aos jovens no âmbito do Novembro Azul, que celebrou-se sob o lema “Cuide da sua saúde, previna-se contra o câncer da próstata”.
“Estamos a falar sobre o câncer da próstata, que é uma patologia que afecta os homens a partir dos 50 anos de idade. É um câncer maligno que se desenvolve no órgão masculino situado abaixo da bexiga. Os sintomas incluem dificuldade para urinar, urinar frequentemente à noite, sangue na urina e dores musculares com a idade avançada”, disse a especialista, anotando “este ano, os casos aumentaram, com 30 internações, 10 cirurgias e 3 óbitos”.
Apesar de casos notórios de homens que não buscam tratamento, os profissionais de saúde locais têm realizado trabalhos de sensibilização, como palestras e debates sobre a importância de realizar exames e tratar o câncer da próstata, nas comunidades e em instituições públicas e privadas, com o objetivo de incentivar os homens a se cuidarem.
A fonte, também, acredita ser necessário que o governo aumente o número de profissionais na área e reforce o fornecimento de medicamentos.
“Temos realizado palestras, sensibilizado e promovido debates sobre o tema, com o objetivo de incentivar os homens a aderirem ao tratamento e aos exames da doença, nas comunidades e em instituições públicas e privadas. No entanto, enfrentamos dificuldades, pois há poucos especialistas na área. Com apenas dois profissionais para atender quatro províncias, torna-se complicado. Também nos preocupa a falta de medicamentos para tratar a doença”, comentou a interlocutora.
O Ikweli entrevistou alguns participantes que se mostraram satisfeitos com a palestra sobre o câncer da próstata e garantiram que irão expandir o conhecimento adquirido a outros jovens que não participaram.
Omar Egídio, de 32 anos, afirmou que foi positivo ter participado no encontro, porque “a palestra foi muito boa e aprendi coisas importantes. Nunca tinha pensado em fazer o exame, pois não sabia da sua importância”.
Vantano Romão, de 30 anos de idade, mencionou que um dos motivos para não ir ao exame são os tabus. “Eu nunca fui ao exame devido ao receio da morte, mas acredito que com o que aprendi hoje, poderei me cuidar melhor. A resistência, por questões de saúde, também contribui para o aumento dos casos”.
Armando, de 25 anos de idade, afirmou que, por causa da palestra, irá fazer o rastreio. “Acredito que agora vou começar a fazer o rastreio. Nossa missão é expandir esse conhecimento na sociedade para aumentar a adesão, pois sabemos que eventos como este são importantes”. (Virgínia Emília)