Nampula (IKWELI) – Os activistas sociais e defensores de direitos humanos, na cidade de Nampula, repudiam o uso excessivo de armas de fogo, com balas verdadeiras, e de gás lacrimogénio contra cidadãos indefesos que juntam-se as manifestações de repúdio dos resultados eleitorais tornados públicos pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Falando em representação dos colegas, o defensor de direitos humanos, também coordenador da Rede Moçambicana dos Defensores dos Direitos Humanos, em Nampula, Gamito dos Santos, disse haver necessidade de a polícia não estar a servir interesses de algum grupo de pessoas que acha que deve capturar o Estado para seus interesses particulares, usando de forma desproporcional a força para violentar a população que sai a rua para manifestar em repúdio daquilo que acham deve ser resolvido.
“Infelizmente, estamos a chegar um nível onde estamos a assumir que a polícia não está para servir o cidadão, a polícia está para servir interesses de algum grupo de pessoas que acha que deve capturar o Estado para serviços e seus interesses particulares”, disse.
Gamito dos Santos defende que o que está a acontecer actualmente ultrapassa uma questão partidária, apontando que é um descontentamento generalizado da população, dando exemplo o que se viveu em Chalaua. “Nós temos que sair do paradigma de pensar que as pessoas que vão para a rua são membros do PODEMOS ou apoiantes do Venâncio como a opinião pública tenta nos fazer acreditar, o que está a acontecer agora é um descontentamento generalizado, um exemplo prático disso é a questão de Chalaua, nós soubemos que aquela população já vem com ódio do governo no poder desde no tempo que foram retirados a exploração das pedras preciosas, ali em Mavuco, se forem a ver a confusão de Chalaua começou na vila eclodiu para Mavuco, logo dá para entender que a intenção deles não era exactamente ferir a polícia como tal por questões eleitorais, então se a polícia continuar a usar o armamento bélico que foi comprado pelo imposto dos cidadãos para matar a própria pessoa que comprou essas armas isto pode vir cheirar mal”, observou.
Dos Santos, que adverte que a sua opinião não deve ser vista como instigação a violência, condena a justiça pelas próprias mãos cometida pela população. “A policia já vem violentado a população e a justiça pode ser feita através da procuradoria, através dos tribunais, mas no final do dia nada acontece e essa população por saber que existem instituições não credíveis, a partir da própria Comissão Nacional de Eleições (CNE) que é a própria dona dessa função, a partir do STAE [Secretariado Técnico de Administração Eleitoral], que é também sob dono dessa confusão toda e depois que é o barão disso tudo que pode resolver, então a população começa a partir já pela violência, que nós estamos achegar a gora num estágio difícil e inacreditável de um Estado de direito democrático”.
A associação Koxukhuro, para a qual o activista trabalha, está a identificar as pessoas que foram violentadas nas manifestações, porque o direito à manifestação está plasmado na Constituição da República e a incentivar os munícipes a não usar objectos contundentes, não destruição de bens públicos, e assaltos a infra-estruturas públicas e privadas. (Malito João)