Alua (IKWELI) – O governador de Nampula, Eduardo Mariamo Abdula, reuniu-se na manhã desta terça-feira (2) com parceiros de cooperação com vocação em assistência humanitária e emergência.
Segundo sabe o Ikweli, era foco da discussão a reflexão sobre o regresso voluntários das famílias deslocadas em Memba.
“Há uma redução significativa de pessoas nesses locais [de acolhimento]. Eu senti, nessa viagem, a vontade voluntária das pessoas em regressar,” disse Abdula, prosseguindo que “algumas pessoas me disseram que o nosso problema não é comida, são as nossas machambas, comida vamos fazer lá.”
“Fui visitar as pessoas lá e disseram que estão bem e a espera dos irmãos,” mas “há uma campanha de desinformação com finalidade de roubar os bens da população. Quando as nossas forças seguem os rastos não encontram nenhum terrorista, apenas apanhasse ladrões que fizeram desinformação.”
“As pessoas já estão com mais pânico de Alua do que as suas zonas de origem. Precisamos reflectir sobre o retorno voluntário. Nós temos obrigação, como Estado, de prover segurança as pessoas e melhores condições de saneamento e outros serviços.”
O administrador de Memba, Manuel Cintura, explicou que desde o dia 28 do mês findo que as famílias tendem a regressar para as suas zonas de origem. “O distrito de Memba, desde o dia 28, começou a registar o regresso massivo da população que se tinha deslocado à Nacala. Ontem [segunda-feira, 1] encontramos muita gente pelo caminho com trouxas a regressar voluntariamente para casa em Chipene e Mazua. A população está a regressar por vontade própria.”
Quem, também, falou na reunião é a administradora do distrito de Nacarôa, Haia Paquile, que tinha acolhido mais de mil pessoas, mas até ao primeiro de dezembro menos de 200 pessoas ainda estavam na sua circunscrição.
Januário André, administrador de Eráti, disse aos parceiros de cooperação que maior parte da população que tinha sido acolhida na sede do posto administrativo de Alua, bem como em Alua Velha e Miliva, já está, voluntariamente, retornando as zonas de origem.
Esta fonte reconheceu o papel dos parceiros de cooperação, os quais em tempo oportuno apoiaram o distrito para evitar-se uma catástrofe humanitária.
Faquira Massalo, director provincial das Obras Públicas de Nampula, assegurou existirem condições de higiene e saneamento do meio, bem como o abastecimento de água.
Por outro lado, este director garantiu a abertura de furos de água nas comunidades que tinham sido afectadas.
William Tunzine, director provincial da Educação em Nampula, afiançou que o seu sector começou a “sorrir” em Memba, pois os exames finais do ensino secundária estão sendo realizados na tranquilidade, ainda que no primeiro dia tenham arrancado com uma certa ausência de alguns candidatos, mas no segundo dia, terça-feira (2) a aderência é ainda maior.
Para o sector da Saúde, a directora da área, Selma Xavier, assegurou a existência de medicamentos nas comunidades afectadas pelo terrorismo, como também a presença dos profissionais. Igualmente Xavier anotou que há capacidade para responder a qualquer eventualidade de surtos de doenças.
Joaquim Tomás, que dirige os Transportes e Comunicações em Nampula, relatou a disponibilidade de transporte para apoiar o regresso voluntário das famílias, bem como pediu apoio aos parceiros de cooperação para proverem apoio.
Régulo Saíde, líder do 1º Escalão na região de Jacoco, no distrito de Eráti, disse na reunião que a sua comunidade carece de apoio alimentar, mas o que mais precisa é de apoio para regressar a sua zona de origem, pois a sua população precisa de estar nas suas zonas de origem para continuar a produzir.
O mesmo sentimento foi partilhado pelo Régulo Nivalo, do posto administrativo de Mazua, que também agradeceu o empenho do governador no apoio aos deslocados. “Nós queremos voltar para a nossa comunidade,” disse esse régulo, explicando que “chegou a época das chuvas. Nas comunidades para nós podermos viver bem precisamos semear a semente e chegou a época.”
O que dizem os parceiros?
Baissamo Juaia, do Fundo das Nações Unidades para a Infância (UNICEF, na sigla inglesa), começou por elogiar o esforço do governador e sua equipa em, permanentemente, estar no terreno, a dirigir situações de emergência.
“O sucesso de uma boa resposta a emergência depende de uma boa liderança e uma boa colaboração,” disse, explicando que “e isso vê-se em momentos como esses.
Juaia reconheceu a viabilidade das análises do governador. “Estávamos a terminar um plano de emergência para a realidade actual, mas ele é flexível para o rumo que as coisas estão a tomar.”
“Qualquer decisão deve ser tomada na perspectiva de salvar vidas. E nós aqui ouvimos os riscos de manter muitas pessoas em Alua podemos ter situações graves do que ter os nossos irmãos regressados com condições de segurança criadas.”
“Como UNICEF, é uma zona [Memba] onde nós temos grandes projectos.”
“Estamos num momento extremamente difícil, a demora na tomada de decisões pode custar vidas,” apelou Baissamo Juaia.
“É um bom sinal que as pessoas querem regressar voluntariamente,” disse o representante do PMA [Programa Mundial de Alimentação], garantindo que “todos os parceiros estarão sempre disponíveis em apoiar para quem quiser retornar. Continuamos disponíveis e preparados para estas situações.”
A coordenadora de Emergência da Agência das Nações Unidas para os Refugiados [ACNUR, na sigla inglesa] disse, na ocasião, ter ficado feliz que as pessoas estão querendo voltar voluntariamente, mas apelou que observem eles chaves para garantir a segurança das pessoas. (Redação)




