Nampula (IKWELI) – O Hospital Central de Nampula (HCN), na capital do norte do país, convocou na manhã desta quarta-feira (5) uma conferência de imprensa para esclarecer as circunstâncias da morte de uma parturiente transferida do Centro de Saúde de Mogovolas.
Segundo a instituição, o óbito foi provocado por uma roptura uterina, uma complicação grave que ocorre durante o trabalho de parto.
A informação foi avançada pelo director da Maternidade do HCN, o médico gineco-obstetra Dinis Viegas, que explicou ter sido realizado um trabalho minucioso para apurar as reais causas da morte materna. “Como sabemos, o nosso maior valor é a vida. Ninguém estuda medicina para provocar a morte, todos somos formados para salvaguardar vidas em primeiro lugar,” afirmou.
A conferência foi motivada por acusações públicas feitas pela família da parturiente, que denunciou alegada negligência de um médico em serviço, situação que gerou grande polémica nas redes sociais e mobilizou a opinião pública. Face à dimensão do caso, a direcção do hospital decidiu pronunciar-se oficialmente para esclarecer os factos e defender a honra dos profissionais envolvidos.
Viegas sublinhou que todos os casos de morte materna são analisados em detalhe por um comité especializado, com o objectivo de identificar eventuais erros, falhas ou negligências e, caso se confirmem, responsabilizar os envolvidos. “Há três níveis de análise, o primeiro, na comunidade e família, o segundo, na unidade sanitária de origem, e o terceiro, aqui no centro de referência, onde verificamos o que realmente aconteceu,” acrescentou.
O médico explicou que o referido comité analisou o caso de forma exaustiva e concluiu que a morte resultou de uma complicação clínica inevitável, e não de negligência profissional. “Este óbito foi estudado de forma detalhada, e identificámos que se tratou de uma roptura uterina grave, uma situação de alto risco, sobretudo quando o encaminhamento é tardio,” referiu.
O director lamentou, contudo, a forma como o caso foi divulgado nas redes sociais, considerando que a família da falecida agiu com má-fé ao acusar injustamente um dos médicos do hospital. “O colega que foi implicado nem sequer estava presente no momento dos factos. Trata-se de um profissional exemplar que, nesse mesmo dia, realizou dez cirurgias e salvou dez vidas,” esclareceu.
De acordo com Dinis Viegas, o médico de serviço naquele dia tomou todas as medidas adequadas assim que recebeu a paciente, tendo decidido levá-la de imediato ao bloco operatório. “O colega avaliou a gravidade do caso e encaminhou a mulher para cirurgia, mas infelizmente a situação clínica já era muito crítica,” explicou.
O responsável recordou que a maternidade do HCN se encontra actualmente em obras de reabilitação, facto que tem obrigado à transferência de algumas cirurgias complexas para o bloco central do hospital. “Naquele dia, recebemos quatro emergências quase em simultâneo, incluindo uma paciente transferida de Mecubúri com uma roptura uterina em estado de choque. Este tipo de cirurgia leva, no mínimo, duas horas,” acrescentou.
O director da maternidade do HCN reforçou que a sobrecarga de casos urgentes e a limitação de espaço devido às obras dificultaram o atendimento rápido de todos os pacientes. Ainda assim, garantiu que a equipa médica actuou dentro dos protocolos estabelecidos e prestou toda a assistência possível.
Por fim, a fonte apelou à população para evitar a difusão de informações não verificadas nas redes sociais, sobretudo em situações delicadas como as que envolvem a perda de vidas humanas. “Peço respeito pelos profissionais de saúde e pelas famílias. Todos nós trabalhamos com o objectivo de salvar vidas, mesmo em condições difíceis,” concluiu. (Malito João)





