Nampula (IKWELI) – Há três anos que a senhora Vanda Sicandar vem clamando justiça pelas sucessivas violências física e doméstica que sofrera no seu então lar, actos que concorreram na deformação do seu corpo e alma.
Na altura dos factos, casada com Valeriano Sebastião José Muanheue, Vanda viu-se muitas vezes espancadas, abandonada na rua e depois expulsa de casa.
A vítima denunciou o caso as autoridades competentes, mas o interesse em dirimir o caso foi sempre relegado, tanto é que os primeiros passos começaram a dar quando a OPHENTA, uma organização de defesa dos direitos da mulher e rapariga, começou a assisti-la.
Nesta quinta-feira (6) foi lida a sentença do caso, pelo Tribunal Judicial da cidade de Nampula, e Valério Muanheue foi apenas condenado a uma pena de um ano de prisão convertida em multa diária de 100,00Mt e para a vítima foi fixada uma indemnização na ordem dos 50.000,00Mt (cinquenta mil meticais).
“Apesar de considerar o julgamento um alívio depois de longa espera, já estávamos à espera dessa manobra toda, passaram-se três anos para hoje dizerem que foi uma violência simples, enquanto foi uma violência grave,” comentou Vanda, lamentando que a justiça não tenha sido feita.
Exausta, a vítima disse que não vai recorrer da sentença, pois o seu desafio é curar-se da violência e seguir em frente.
Quem, também, ficou insatisfeita com a pena é a directora executiva da OPHENTA, Olga Loforte, cuja organização deu o máximo para que a vítima tivesse um reparo digno.
“Celebramos o facto de o caso ter chegado ao fim, mas não concordamos com a forma como foi classificado e apesar de o tribunal ter condenado o réu, tratou o caso como violência física simples, quando, a nosso ver, foi uma violência física grave,” disse Loforte.
Alias, a defesa proporcionada pela OPHENTA está a valer uma “perseguição” na sua líder, Olga Loforte, que está sendo acusado de procuradoria ilícita. (Nelsa Momade)






