Nampula (IKWELI) – O arcebispo Metropolitano de Nampula e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), dom Inácio Saure, diz estar preocupado com o sistema de governação moçambicano, pois nos últimos tempos aparenta que os dirigentes estão desconectados do sofrimento do povo.
Dom Inácio Saure falava no último fim-de-semana a margem da abertura do ano formativo académico do seminário filosófico e propedêutico de Nampula, onde o líder religioso falou de forma contundente sobre o cenário político e social de Moçambique.
“Moçambique está doente, todo tipo de doença, a doença do amor obsessivo pelo poder que faz com que se ignore o sofrimento do povo, portanto, alguém está no poder e se esquece completamente do sofrimento do povo, isto é uma doença, hoje somos maltratados, roubam-nos tudo a nossa vista e nós devemos prostrar-nos diante dos ladrões para os adorar e ninguém defende os pobres que são vítimas desses roubos,” disse o Arcebispo, acrescentando que “aqui parece que é aldeia sem lei, onde os ladrões, bandidos, podem fazer e desfazer, ninguém pode fazer nada”.
O número um da Igreja Católica em Nampula disse, ainda, que outra doença é a das trevas. “O mal tomou de assalto o lugar do bem, em Moçambique o incorrecto tomou de assalto o lugar do correcto, o ilógico espezinha a lógica, aquilo que é logico não se quer nas instituições, é absurdo, mas é assim a realidade em Moçambique, o atendimento do cidadão nas instituições é uma desgraça”.
Para dom Inácio Saure, está comprovado que apenas em Cristo é que se deve ter esperança para resgatar Moçambique desta situação abismal. “Quem que nos pode salvar deste caos em Moçambique? Só Cristo, porque Cristo nos convida a fazer com ele uma corajosa travessia deste vale de lágrimas que estamos exaustos e mergulhados e Moçambique está neste vale de lágrimas e precisa de alguém que o salve e retire dessa situação de desgraça, de miséria e de sofrimento horrível”.
Com vista a ajudar a pérola do índico, dom Saure aproveitou a ocasião para interceder pelo país. “Por intercessão de São Carlos Luanga e da mãe dos apóstolos, pedir a graça da cura radical de Moçambique de todas enfermidades e todas trevas crônicas que torturam o nosso povo para que a mesa seja para todos moçambicanos, vamos comer todos,” concluiu. (Malito João)