Nampula (IKWELI) – O Governo de Nampula continua a enfrentar pendências no pagamento dos subsídios por morte e funeral destinados aos professores, totalizando 68.009.808,94 meticais, referentes a 1.985 beneficiários.
A informação foi tornada pública na última quarta-feira (8) por André Janna, Secretário Provincial da Organização Nacional dos Professores (ONP), durante um encontro entre o representante do governo central, Plácido Pereira, e o Secretariado Provincial Executivo da ONP, que voltou a apelar pela regularização urgente dos valores.
De acordo com André Janna, apesar do esforço reconhecido do Governo no pagamento dos subsídios, o atraso tem causado constrangimentos, sobretudo às famílias dos professores falecidos, que muitas vezes enfrentam dificuldades para custear as cerimónias fúnebres com dignidade.
Daí que aquele representante da ONP pede que o valor em falta seja disponibilizado de imediato, de modo a aliviar o sofrimento das famílias enlutadas.
A organização sindical reafirmou o seu compromisso em continuar a dialogar com as autoridades competentes, para garantir que as pendências financeiras sejam resolvidas brevemente.
Condições de trabalho dos professores
Falando das condições de trabalho dos professores, Janna disse que, apesar do grande esforço do Governo, a província de Nampula ainda continua a ser uma das que tem mais salas de construção precária e turmas ao ar livre.
“Assim, das 17.434 salas, 3.447 funcionam ao ar livre, 6.096 são de construção precária e 7.891 são convencionais.”
“Como se pode observar, mais de 55% das salas não oferecem boas condições de trabalho, e precisamos de melhorar as condições das salas de aula e dos professores para melhorarmos a qualidade do ensino e não só.”
O Secretário Executivo da ONP anota que nas escolas “continuamos ainda com a superlotação nas salas de aula, onde a média provincial está acima de 90 alunos por sala. No entanto, reconhecemos o esforço do Governo em alocar carteiras nas salas de aula e em colocar o salário do funcionário mais perto do local de trabalho. Apesar desta louvável decisão, há problemas no pagamento de horas extras e segunda turma, tendo em conta que a província tem uma.”
A chamada capital do norte do país conta com mais de 33.111 professores em exercício, dos quais 13.324 são mulheres, representando assim 40,2%.
Professores doentes
O secretário da ONP, também falou da doença dos docentes. “A nossa saúde: ao nível da nossa província temos o registo de 829 funcionários e agentes do Estado que padecem de várias doenças, destacando-se a tuberculose, HIV/SIDA, hipertensão arterial, diabetes, perturbações mentais, acidentes de viação, entre outras. Até à presente data, perderam a vida 109 colegas, entre docentes e não docentes, sendo 33 mulheres e 76 homens. Apesar dos descontos, continuamos a enfrentar uma situação de assistência médica e medicamentosa que não é das melhores, e isso nos deixa frágeis.”
Segundo sabe o Ikweli, neste ano a província de Nampula planificou 27.914 actos administrativos, dos quais 9.169 correspondem a mudanças de carreira e 7.462 a outros processos.
Por seu turno, o Secretário do Estado na província de Nampula, Plácido Pereira, manifestou a vontade de apoiar os educadores.
“Reconhecemos o papel do professor, reconhecemos a sua contribuição na formação do homem novo e no desenvolvimento do país nas diversas áreas. Foram levantadas aqui questões pertinentes, em parte legítimas, que são da responsabilidade do Governo. Algumas delas, cuja solução está em curso é verdade que deveria ser num ritmo mais sustentável, no que diz respeito às horas extras e ao turno e meio, o pagamento já iniciou no que se refere ao ano de 2023.”
A Semana e o Dia do Professor celebram-se sob o lema: “Docentes Unidos pela Paz e Democracia.” (Malito João)
