Nampula (IKWELI) – Pelo menos 50 crianças vivendo em situação de rua, de diferentes faixas etárias, serão submetidas a campanha de reintegração, que vai decorrer a partir do próximo dia 15 de Novembro, na província de Nampula, região norte e a mais populosa do país.
A informação foi partilhada pela directora provincial de Género, Criança e Acção Social de Nampula, Cedinha Mpila, quem explicou que a campanha terá duração de 6 meses.
“Estamos preocupados com os meninos em situação de rua, e como governo estamos a programar que no dia 15 de Novembro vamos lançar uma campanha de reintegração, para identificar famílias dos menores, sendo que só nos últimos meses do ano em curso já conseguimos reintegrar 40 crianças que estavam em situação de rua, mas na campanha vamos reintegrar 50 crianças.”
Além da reintegração no seio familiar, Mpila garantiu que as mesmas poderão voltar a estudar, mas “primeiro precisamos perceber o histórico da criança, a causa que fez com que ela saísse de casa.”
A nossa equipe de reportagem entrevistou algumas crianças em situação de rua, que têm os passeios da cidade de Nampula como suas camas, e o frio das madrugadas como seu agasalho.
“Eu fugi da casa do meu pai porque minha madrasta sempre me batia, depois não me dava comida, tinha que sempre estar a comer na casa vizinha, quando contava para o meu pai ele não acreditava, falava que eu é que sou indisciplinado, então decidi fugir de casa,” contou Nelson Benoni, de 11 anos de idade, natural do distrito de Murrupula.
Uma vez experimentadas as ruas, Benoni não cogita sequer a ideia de voltar a casa. “Não quero voltar na casa do meu pai, minha madrasta vai continuar a me bater, ela disse que não me quer e disse para eu procurar família da minha mãe como ela já morreu, prefiro ficar aqui na rua, consigo comer com os meus amigos.”
Enquanto isso, Albano Silvestre, de 12 anos de idade, natural da cidade de Nampula, conta que fugiu dos seus progenitores, porque roubou caril, e sua mãe ameaçou lhe queimar as mãos. “Fugi de casa porque tinha roubado caril e minha mãe disse que ia me bater e queimar minhas mãos. Para não acontecer fugi, mas peço desculpa para minha mãe e meu pai, prometo não voltar a repetir mais.” (Virgínia Emília)