Nampula (IKWELI) – O presidente da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), na região norte, apela ao Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) para reforçar investigações e responsabilizar falsos curandeiros que têm manchado a reputação da medicina tradicional.
Segundo Evaristo Muhano, indivíduos sem legitimidade têm-se aproveitado da confiança das comunidades para práticas fraudulentas, colocando em risco a saúde e a vida das pessoas.
Muhano defende que apenas curandeiros, devidamente reconhecidos e credenciados, devem exercer, de forma a salvaguardar a credibilidade da medicina tradicional no país. “Estou muito preocupado com ladrões que se fazem passar por curandeiros. Eles estão a sujar o nosso trabalho, nós, que somos legítimos, ficamos ofendidos até dizem que curandeiros são ladrões, porque esses indivíduos enviam mensagens a qualquer pessoa dizendo que curam todo tipo de doenças. E nós como AMETRAMO, em qualquer ponto do país, nunca usamos mensagens para exercer o nosso trabalho de adivinha, a minha questão é, porque as operadoras de telefonia não intervêm nesta situação? Esses burladores têm cartões registados e as operadoras não deviam permitir isso, dentro dessas agências existem ladrões, porque se não houvesse, tais mensagens não circulavam,” questionou Muhano.
O dirigente sublinhou que estas práticas mancham a imagem da medicina tradicional e fazem com que as pessoas percam confiança nos curandeiros. “Como presidente da região norte, quero trabalhar com o presidente de Tete para identificar essas pessoas, porque muitas mensagens dizem ser de lá. Isso preocupa-me muito,” acrescentou.
Muhano apela ao SERNIC para que actue, de forma firme, contra estes indivíduos, de modo a criminalizá-los e travar as burlas.
Contactada pelo Ikweli, a porta-voz do SERNIC em Nampula, Enina Tsinine, explicou que os burladores podem não estar, de facto, em Tete, mas usam o nome da província porque esta é conhecida pela existência de bons curandeiros.
“Lá em Tete supostamente existem bons curandeiros. Então, se alguém disser que é de Tete, facilmente ganha confiança. No ano passado, muitos jovens perderam a vida porque foram burlados, então o presidente da AMETRAMO quer colaboração, e nós estamos disponíveis. Mas é importante lembrar que estes são crimes privados, por isso é necessário que as vítimas denunciem para que possamos intervir, enquanto em crimes violentos podemos agir de imediato, nos casos de burla precisamos que a própria pessoa apresente a queixa,” esclareceu Tsinine. (Malito João)






