Nampula (IKWELI) – A Associação Moçambicana da Mulher e Apoio a Rapariga (OPHENTA) organizou nesta quinta-feira (25), na cidade de Nampula, uma reflexão sobre a segurança das mulheres praticantes do comércio informal na mais importante autarquia do norte do país.
Marlene Julane, Oficial de Programas da OPHENTA, disse, na abertura da reunião virtual, que “as mulheres recorrem a economia informal para suprir as necessidades diárias”, por isso devem ser protegidas.
Segundo esta fonte, recorrentemente, as mulheres se queixam da “falta de espaços para a prática dos seus negócios, retirada compulsiva das ruas e apreensão dos seus produtos e violações diversas”, pelo que a reunião serviu para “a edilidade estar mais perto das mulheres praticantes do comércio informal”, no sentido de, conjuntamente, estudarem as viabilidades da protecção delas.
Por seu turno, a presidente da Associação das Mulheres Praticantes do Comércio Informal, Ana Henriqueta Rachide, disse que “as mulheres tem passado por violências, diariamente”, e que “nesta pandemia da covid-19 as mulheres estão a passar muito mal”, pois são agredidas quando voltam para as suas casas após as suas jornadas e ainda a polícia municipal e de fiscalização tem apreendido os seus bens brutalmente.
Na referida reunião, várias vendedeiras deram o seu testemunho, e a nota dominante é a actuação desumana dos agentes da polícia camarária.
Uma vendedeira do aglomerado localizado na entrada da sustação, no bairro de Mutauanha, conta que a violência protagonizada por agentes policiais da edilidade tem sido recorrente. “Sou uma viúva”, afirma, para depois questionar “onde vou parar com os meus filhos?”.
A pandemia é, também, referenciada como sendo um dos problemas que as mulheres praticantes do comércio informal enfrentam, tal como se referiu a senhora Melita Lino. “Estamos a sofrer desde que começou o assunto do coronavírus”, disse, pedindo para que “nos arranjem barracas. Queremos bancas para estarmos sossegados”.
Nelson Carvalho, director de Comunicação e Imagem do Conselho Autárquico de Nampula, na sua intervenção, tratou de repescar o Código de Postura Municipal, e focou-se no artigo 45 que regula o asseio nos locais públicos.
Para este interveniente, os praticantes do comércio informal não tem estado a ajudar na higiene da autarquia, bem como no próprio saneamento do meio.
“As vendedeiras praticam o comércio na rua, em violação da postura e sem observar o mínimo de higiene”, disse Carvalho.
O dirigente defende que o uso da força é para “garantir a segurança dos próprios vendedores”, dando exemplo do caso da avenida do Trabalho, nas imediações da estacão ferroviária dos CFM que quando o comboio chega fica intransitável. (Aunício da Silva)