Nampula (IKWELI) – Os funcionários públicos da província de Nampula queixam-se de falta de valorização e consideração pelo governo moçambicano, por alegadamente não se interessar em resolver as dificuldades que os apoquentam
As dificuldades vão desde as condições precárias no exercício do seu trabalho, falta de assistência médica e a mediática Tabela Salarial Única que, segundo os profissionais, mais trouxe problemas do que soluções.
Eufrásio Nahina, professor da escola secundária de Maparra, localizada no posto administrativo de Muatala, arredores da cidade de Nampula, diz não fazer sentido comemorar-se o dia da função pública, por alegadamente os funcionários estarem a ser desprezados pelo governo.
“O dia da função pública na verdade, nos últimos dias, não tem sido valorizado, o funcionário publico não está a ser valorizado pelo governo, porque o funcionário está a se sentir ser espezinhado, então dizer que hoje não me sinto bem, porque em condições normais, o governo tinha que melhorar as condições de vida dos funcionários.”
Esta fonte lamenta o estado precário da escola onde lecciona que, “por exemplo, na nossa escola temos estado a enfrentar várias dificuldades como carteiras, salas de aulas, para o processo de ensino e aprendizagem. Não há livros suficientes para todos alunos, então há muitas dificuldades, o professor está a trabalhar de forma muito precária, para mim, hoje não faz sentido celebrarmos o dia de função pública, e não faz sentido dizer que está tudo bem, enquanto não está.”
Por outro lado, Margarida Saruare, técnica do Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), delegação provincial de Nampula, mostrou-se satisfeita por comemorar o dia da função pública, pois “é gratificante, uma vez que é um dia não só de festividade, mas também de reflexão onde o funcionário público e os órgãos competentes, como o governo, fazem uma reflexão em termos daquilo que é a vida profissional do funcionário público, como as condições do trabalho,” mas referiu que precisa-se de “melhores condições de trabalho para podermos dar o nosso melhor, porque precisamos de trabalhar, mas nem sempre as condições estão disponíveis. Precisamos também dos meios de trabalho, das nossas progressões que já estão paradas desde a introdução da TSU [Tabela Salarial Única], aumento salarial, tendo em conta que os aumentos são significantes e outros subsídios.”
Já a representante dos funcionários públicos, Lídia Alfinete, entende que apesar dos esforços empreendidos pelos profissionais, o governo recusa-se a reconhecer o esforço destes.
“Desempenhamos um papel fundamental no crescimento do país, numa altura em que enfrentamos enormes dificuldades para o nosso crescimento profissional, sobretudo no que diz respeito a promoções, progressões e mudanças de carreira, diante dessa preocupação, para reconhecer e incentivar os avanços na administração pública, como um factor de desenvolvimento, boa governação e promoção de estado de direito democrático cada vez,” disse a fonte.
O desejo dos funcionários públicos é que o actual governo olhe por eles, com carinho.
Enquanto isso, o Secretário do Estado na província de Nampula, Plácido Pereira, desafiou os funcionários públicos a serem bons exemplos no seio da sociedade e nos seus locais de trabalho.
O director do governador de Nampula, Calquer Albuquerque, disse na ocasião que “diariamente, estes prestam serviços fundamentais que impactam na vida dos cidadãos, e muitas vezes enfrentam condições difíceis com sacrifícios pessoais e profissionais, e reconhece profundamente o esforço, profissionalismo e resiliência, mesmo com recursos escassos e desafios constantes, este momento seja também de reflexão e valorização de serviços públicos.”
O dia internacional da função pública é comemorado anualmente a 23 de Junho, e este ano decorreu sob o lema “Melhorar a agilidade e resiliência das instituições públicas para alcançar uma governação equitativa e responder com rapidez as lacunas históricas na prestação de serviços.” (Virgínia Emília)
